Pesquisa em Aracaju investiga uso de veneno de abelhas no tratamento contra o Alzheimer

Estudo de iniciação científica avaliou o efeito das substâncias naturais na recuperação de lesões neurológicas

Publiciado em 22/03/2025 as 05:01

Propriedades presentes no veneno de abelhas africanizadas podem ser utilizadas no desenvolvimento de tratamentos contra doenças neurodegenerativas, a exemplo do Alzheimer. Esta hipótese foi investigada em uma pesquisa de iniciação científica desenvolvida por alunas do curso de Fisioterapia da Universidade Tiradentes (Unit). O estudo, orientado pela professora-doutora Camila Gomes Dantas e conduzido pelas então alunas de graduação Alessandra da Silva Nogueira e Maria Alice Araujo de Santana, foi realizado entre 2020 e 2021, mas terá seus resultados completos divulgados em breve, com a publicação de artigo científico em publicação especializada. 

A pesquisa fez uma caracterização histomorfológica do efeito terapêutico do veneno de abelhas africanizadas (Apis mellífera Linnaeus) sobre as lesões provocadas em ventrículos cerebrais de roedores de laboratório. E estas lesões tinham sido induzidas pela estreptozotocina, um composto químico que provoca a destruição de células do sistema nervoso central. O objetivo foi avaliar as alterações estruturais presentes nos encéfalos de roedores, em função da lesão intracerebroventricular e dos tratamentos com veneno de abelhas. 

De acordo com Alessandra, que hoje é aluna de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Biociências e Saúde (PBS/Unit), a pesquisa concluiu que “a administração do veneno de abelhas atenuou as alterações histológicas associadas à progressão da doença de Alzheimer induzida por estreptozotocina em roedores, provavelmente devido à sua ação anti-inflamatória”, e que “o veneno de abelhas configura-se como um potencial candidato a ser utilizado no tratamento da doença de Alzheimer, abrindo a possibilidade de tratamento de doenças neurodegenerativas em virtude de suas propriedades anti-inflamatória e neuroprotetora”.

A fisioterapeuta destaca ainda que a pesquisa buscou suprir uma lacuna no conhecimento existente sobre o tema, abrindo caminho para o desenvolvimento de novos tratamentos, com impacto direto na saúde da população, longevidade e na qualidade de vida. “O interesse em encontrar soluções inovadoras e impactantes, tanto no contexto científico quanto no social, pode trazer descobertas valiosas que não só ampliam o entendimento sobre o veneno de abelha, mas também abre novas possibilidades terapêuticas para uma doença complexa e debilitante como o Alzheimer”, pontua Alessandra, que atuou no projeto como bolsista de iniciação científica do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).  

 

Fonte: F5 News