Aumento expressivo de tartarugas marinhas mortas alerta sobre impacto da pesca no litoral de Sergipe
Somente nos três primeiros meses de 2025, quase 500 tartarugas já foram encontradas mortas nas praias sergipanas

O litoral de Sergipe tem sido palco de uma preocupante realidade ambiental em 2025: o número de tartarugas marinhas encontradas mortas nas praias já supera mais da metade de todos os casos registrados em 2024. De acordo com o Projeto Tamar, cerca de 500 animais já encalharam sem vida no estado apenas entre janeiro e março deste ano — número alarmante, considerando que em todo o ano anterior foram contabilizadas aproximadamente 800 tartarugas mortas.
O biólogo Fábio Lira, do Projeto Tamar, destaca que o principal fator para esse aumento é a interação das tartarugas com diferentes artes de pesca, especialmente a pesca de arrasto de camarão. “Nas duas primeiras semanas de janeiro, ainda durante o período de defeso, observamos quase 40 tartarugas encalhadas. Após a retomada da pesca de arrasto, esse número saltou para quase 120 em apenas duas semanas. Só em janeiro foram 160 tartarugas”, relata.
Segundo Lira, o estado em que os animais chegam às praias também impede uma análise mais detalhada sobre as causas exatas das mortes. “Essas tartarugas aparecem em avançado estado de decomposição. Muitas já estavam com ovos formados e não conseguiram concluir o processo reprodutivo. O que vemos são animais com boa condição corporal, mas que morreram antes da desova”, explica.
A espécie mais impactada é a tartaruga-oliva, considerada a menor das tartarugas marinhas brasileiras e cuja população ainda se encontra em processo de recuperação. A sobreposição entre a área utilizada por essa espécie para desova e as zonas de atuação da pesca de arrasto contribui diretamente para os altos índices de mortalidade.
Normas e conscientização
Algumas normas preveem medidas para proteger as tartarugas marinhas. A Instrução Normativa IBAMA nº 189/2008, por exemplo, proíbe a pesca de arrasto com tração motorizada em determinadas áreas e períodos. Já a Instrução Normativa MMA nº 31/2004 obriga o uso de Dispositivos de Escape para Tartarugas (TEDs) nas redes utilizadas por embarcações maiores. No entanto, a quantidade de mortes indica que nem sempre as regras são seguidas.

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