Brasil supera 5 mil mortes por dengue em 2024

Crise é agravada por mudanças climáticas, urbanização e falhas na assistência médica

Publiciado em 10/12/2024 as 10:00
Unit/ Divulgação

O Brasil atingiu um patamar preocupante em 2024, com mais de 5 mil mortes causadas pela dengue. Esse número representa um aumento superior a quatro vezes em relação ao ano anterior, segundo informações do Ministério da Saúde. Considerada um dos maiores desafios de saúde pública global, a dengue afeta cerca de 400 milhões de pessoas por ano. Transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, é responsável por até 50 milhões de casos anuais, com maior prevalência em regiões tropicais e subtropicais, como o Brasil.

O médico infectologista e professor da Universidade Tiradentes (Unit), Matheus Todt, explica que o crescimento no número de óbitos está relacionado ao recorde de casos registrados entre 2023 e 2024, aliado a falhas no atendimento médico. “Esse aumento significativo é reflexo do avanço no número de infecções e da falta de suporte adequado para os pacientes”, afirmou Todt.

Mudanças climáticas e urbanização intensificam a crise

Fatores como o impacto das mudanças climáticas e a expansão das áreas urbanas também contribuem para a disseminação do mosquito Aedes aegypti. “O aumento das temperaturas e o desmatamento favorecem a presença do mosquito em áreas urbanas. Sendo a dengue uma doença transmitida por um vetor, quanto maior o número de mosquitos, maior a quantidade de infecções e, consequentemente, de mortes”, esclareceu o infectologista.

Sintomas, diagnóstico e prevenção

Reconhecer precocemente os sinais mais graves da doença é essencial para evitar complicações fatais. De acordo com Todt, as formas mais severas da dengue incluem hemorragias e extravasamento de plasma, com sintomas como sangramentos, pressão arterial baixa, sonolência e alterações nos exames de sangue. “Observar esses sinais e procurar ajuda médica imediatamente é fundamental para salvar vidas”, destacou.

Apesar de avanços no desenvolvimento de vacinas contra a dengue, Todt alerta que elas, por si só, não são suficientes para conter a doença. “Sem o controle do mosquito transmissor, a vacinação não é capaz de frear a disseminação da dengue. Com a chegada do verão, período em que os casos tendem a aumentar, é crucial adotar medidas preventivas, como evitar acúmulo de água parada, eliminar criadouros, usar repelentes e mosquiteiros, além de considerar a vacinação como complemento na estratégia de prevenção”, orienta o especialista.

Consciência e mobilização

Outro aspecto preocupante é a eficácia reduzida das campanhas de conscientização. “Infelizmente, os esforços governamentais no combate à dengue têm diminuído, e a população também não está fazendo sua parte no controle do vetor. Sem ações efetivas de controle, o número de casos e mortes continuará elevado”, criticou Todt, enfatizando a necessidade de investimentos em campanhas educativas e iniciativas comunitárias.

Para o especialista, o fortalecimento da vigilância epidemiológica e a melhoria na gestão da saúde pública são fundamentais para controlar a dengue. “Esses elementos são pilares do enfrentamento à doença, mas ainda há pouca alocação de recursos nessas áreas. A conscientização da sociedade também é baixa, o que dificulta o combate ao problema. É necessário um esforço conjunto entre governo, profissionais de saúde e a população para reverter esse cenário. O controle do vetor e a melhoria da assistência médica devem ser prioridades imediatas”, concluiu Todt.

Autora: Laís Marques

Fonte: Asscom Unit