'A prevenção é fundamental para reverter a depressão', afirma psicóloga
Quando alguém conta que está deprimido, muitas vezes nossa reação pode ser de pensar quantas vezes a vimos chorando ou desanimada, e se esse não for o caso, questionar se é mesmo verdade. Mas, estar deprimido é muito mais do que estar triste e chorar o tempo todo. Às vezes, quem sofre de depressão mostra sintomas que, de acordo com o senso comum, não estão associados à condição. Conhecer os sintomas pode te ajudar na sua escuta empática com a pessoa que está sofrendo e ajudar na sua recuperação. A psicóloga Cassia Guimarães esclareceu algumas questões com o objetivo de falarmos sobre o tema independentemente de não estarmos mais no setembro amarelo, mês da prevenção do suicídio.
Sergipe Notícias: O que diferencia tristeza de depressão?
Cassia Guimarães: A tristeza é um sentimento e se caracteriza por ser fenômeno de causas externas, ou seja, a causa da tristeza é algum acontecimento específico - ficamos triste quando ocorre determinada situação ou fato negativo em nossa vida. É natural que num momento da nossa vida podemos ficar triste, mas não impede de percebermos situações positivas nela. A tristeza tem duração de algumas horas ou até alguns dias. Entretanto a depressão é uma doença e se caracteriza por ser um fenômeno interno do indivíduo, ou seja, o sentimento ruim não passa e prejudica diversos aspectos da vida, tais como a saúde, relacionamentos profissional, social e familiar. Também pode ser associada a pensamentos de morte ou suicídio. No caso da depressão, sem tratamento adequado, poderá durar meses ou anos.
SN: Depressão só cura com remédios?
CS: Nos quadros de depressão leve, somente a psicoterapia costuma responder bem ao tratamento. Porém, em casos mais graves, após avaliação psiquiátrica, poderá ser indicado alguns antidepressivos para ajudar o paciente a sair da crise.
SN: A depressão afeta homens e mulheres na mesma proporção?
CS: Segundo alguns estudos já efetuados, as mulheres são mais suscetíveis a desenvolver depressão que os homens. Essa diferença pode ocorrer por diversos motivos: os homens têm maior dificuldade de expor os sentimentos tendendo a mascarar os sintomas, passando a impressão de que o percentual de homens com depressão é bem menor; as mulheres têm outros fatores relacionados a sua condição fisiológica, como a influência da flutuação hormonal relacionadas ao ciclo reprodutivo feminino, podendo interferir no humor e no comportamento.
SN: Quais os principais sintomas?
CS: Além do estado deprimido e da anedonia, também são sintomas da depressão:
- tristeza profunda;
- baixa autoestima;
- desinteresse e apatia;
- distúrbio do sono;
- pensamentos negativos;
- irritabilidade;
- choro frequente;
- alteração de peso;
- dificuldade de concentração;
- ideias suicidas;
- fadiga ou perda de energia constante;
- sentimento de culpa ou inutilidade;
- alteração da libido;
- ter explosão de raiva independente da gravidade dos motivos.
SN: Como diagnosticar?
CS: O diagnóstico da depressão é clínico e realizado por profissional de saúde mental. Ele fará uma avaliação que tomará como base os sintomas descritos e a história de vida do paciente. Após o diagnóstico, o profissional fará o encaminhamento necessário para o tratamento, que geralmente é realizado em conjunto pelo psicólogo e pelo psiquiatra.
SN: Falar sobre depressão ajuda ou piora?
CS: É importante falar sobre depressão. Nem sempre o indivíduo reconhece que apresenta a doença e cabe às pessoas próximas estimulá-lo a buscar ajuda profissional especializada, no caso, psicólogo e psiquiatra. Mostre que se importa com ele e com seus problemas, nunca menospreze o que ele sente. Entretanto, é preciso evitar comentários que o façam sentir-se inferiorizado. Escutar e acolher com atenção e cuidado é fundamental para a pessoa que está em depressão.
SN: O setembro amarelo ajudou de alguma forma pacientes?
CS: O Setembro Amarelo é uma campanha de conscientização sobre a prevenção do suicídio e que contribui bastante em levar informação, esclarecer e abrir espaço para falar sobre o assunto com à população. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), indica que a prevenção é fundamental para reverter essa situação. Falar sobre suicídio pode ajudar muito aqueles indivíduos que estão em grande sofrimento psíquico e somente a morte é a única alternativa para acabar o sofrimento. Por isso, a comunicação sobre o assunto é muito importante e ajuda muitas pessoas.
Apenas 22% do público-alvo se vacinou contra a gripe
População prioritária é de 75,8 milhões de pessoas