Infectologista alerta para cuidados contra a leptospirose

Publiciado em 05/09/2019 as 11:53

A Secretaria de Estado da Saúde (SES) registrou, até o momento, neste ano, 19 casos de leptospirose em Sergipe, com 18 curas e um óbito. Em 2018, neste mesmo período, foram 23 ocorrências, 20 curas e três óbitos. Já em 2017, foram 33 casos, 27 curas e seis óbitos. A leptospirose é uma doença infecciosa causada por uma bactéria (leptospira), presente em quase todo o mundo. Segundo o infectologista da Secretaria de Estado da Saúde (SES), Marco Aurélio, o rato de esgoto (Rattus novergicus) é o principal responsável pela infecção humana, em razão de existir em  grande número e da proximidade com seres humanos, estimando-se que 60% deles têm a bactéria na urina.

A presença de chuvas proporciona o aumento do contato entre a urina desses roedores e o homem, o que causa a contaminação. Nos períodos sem chuvas, essa urina seca e as bactérias são rapidamente destruídas, diminuindo a chance de transmissão. Por isso, a melhor forma de prevenção é tentar evitar o contato, que às vezes pode ser inesperado quando se tem uma enchente (nas áreas onde isso ocorre é onde se registra o maior número de casos).

Porém, Marco Aurélio atenta para outras formas de transmissão, destacando a recreativa e a ocupacional. “Com essas pequenas chuvas os campinhos de futebol, principalmente em áreas de periferia, ficam alagados e as crianças e adolescentes costumam brincar nesses locais. Esse contato também é potencialmente perigoso, tanto quanto a outra maneira de contágio, que é a ocupacional”, disse, explicando que esta ocorre a partir das pequenas enchentes que levam água contaminada para dentro das casas e estabelecimentos. O infectologista orienta que nesta situação, é necessário o uso de equipamentos de proteção, como botas e luvas impermeáveis durante a limpeza do imóvel, assim como no contato com água de esgoto e córregos.

Há, ainda, a transmissão indireta, que se dá por alimentos. O médico recomenda que, se o alimento entrou em contato direto com a água de enchente, deve ser descartado. Não adianta apenas lavar a superfície porque o produto pode ter sofrido contaminação.

Marco Aurélio informou que, quando a leptospira penetra no organismo, pode haver, inicialmente, sintomas semelhantes a uma “virose comum”, com febre alta, dor de cabeça, dor nos olhos, porém, uma característica importante é a dor na panturrilha.

“Ela pode evoluir afetando o fígado, provocando icterícia que deixa a mucosa amarelada e a pele alaranjada. Afeta principalmente os rins, levando a uma insuficiência renal. Nesse caso, às vezes, o paciente precisa ser submetido a diálise”, observou, acrescentando que a leptospirose pode causar sangramentos pulmonares, o que, às vezes, pode levar a morte.

Tartamento

Não há vacina contra a leptospirose, mas há tratamento. O infectologista alerta que os danos da doença potencialmente grave podem ser reversíveis se for tratada oportunamente. “O quadro pode ser reversível  se for tratada a tempo”, disse.

Marco Aurélio afirmou, ainda, que, por ser uma doença grave, a SES trabalha sempre com o profissional de saúde, através da diretoria de Epidemiologia, para este ficar em alerta, principalmente para esse período pós-chuva.

“Além dos quadros de viroses que temos comumente nessa época, como dengue e outras arboviroses, também temos a leptospirose, que precisa de um cuidado diferenciado, do antibiótico específico, de hidratação e do monitoramento. Mas é uma doença que tem cura, que pode ser tratada e que a gente pode diminuir bastante os casos de óbitos quando diagnosticada oportunamente”, enfatizou.

Conforme o profissional da SES, a pessoa que procura o serviço de saúde deve sempre relatar tudo que aconteceu no período anterior ao surgimento dos sintomas, da mesma forma que o profissional deve estar alerta para perguntar todas as possíveis exposições a que esteve sujeito o paciente. “Assim, ele pode direcionar o seu raciocínio clínico para qual quadro combina mais com aquela sintomatologia”, orientou.

Da ASN