A funcionalidade do teste genético para tratar doenças como a depressão

Publiciado em 23/03/2018 as 12:03

Em tempos onde a temática da depressão gera uma busca urgente por solução, novidades para o tratamento da doença devem ser cautelosamente analisadas. Um novo exame genético, do ramo da farmacogênica, tem sido divulgado como avaliador da influência da variação genética na resposta do organismo aos medicamentos, a partir da coleta da saliva que consegue identificar como o fígado metaboliza uma determinada substância. Se a absorção acontece de forma rápida o paciente terá que tomar dosagem medicamentosa maior, se a absorção for mais lenta, a dosagem deve ser menor para não causar efeitos colaterais.

O teste genético realmente tem utilidade? Da forma que foi divulgada, o teste pode gerar a interpretação de que, ele resolverá o problema da depressão por completo. Na verdade o tratamento tem muitas nuances como Transtorno de Ansiedade, Abuso de Substâncias, que podem dificultar a melhora no quadro do paciente, o que necessita de tratamento assim como a depressão. É comum que o primeiro tratamento para a Depressão não funcione, ou funcione parcialmente, apesar da medicação ter sido utilizada na dose correta pelo tempo certo.

De acordo com o psiquiatra, vice-presidente da Associação Sergipana de Psiquiatria, Dr. Antônio Aragão, o tratamento da depressão em alguns casos precisa de outros aparatos. “Além do tratamento com remédios, o acompanhamento psicológico, a atividade física, o lazer, o apoio familiar, a prática da religião, entre outras questões, ajudam bastante e podem ser componentes importantes para alcançarmos resultados satisfatórios no tratamento”, explica.

Ainda segundo ele, o tratamento da depressão visa a regular a disfunção bioquímica cerebral e existem diversos medicamentos eficazes para esse objetivo. Nas últimas décadas, através de pesquisas, esses medicamentos apresentaram uma evolução importante com uma diminuição dos efeitos colaterais e a promoção de uma melhora significativa nos pacientes, restabelecendo rapidamente a qualidade de vida e diminuindo o risco de morte por suicídio ou outras doenças.

De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde, OMS, a depressão atinge cerca de 322 milhões de pessoas no mundo. No Brasil, 5,5% da população tem o problema, colocando o país no topo do ranking, com a maior prevalência de depressão da América Latina. Sinais como sensação persistente de tristeza ou perda de interesse que leva a uma variedade de sintomas físicos e comportamentais, como alterações no sono, apetite, nível de energia, concentração, comportamento diário ou autoestima ou até mesmo pensamentos suicidas, são alguns dos sinais da depressão, que se detectados pela própria pessoa, amigos ou familiares, deve gerar uma busca imediata por um psiquiatra.