Pacientes renais de Sergipe não são assistidos, denuncia Eduardo Amorim

Publiciado em 27/01/2018 as 07:00

Desde 2012 que em Sergipe não faz um transplante renal ou cardíaco. As pessoas afetadas por esse tipo de patologia necessitam de zelo e atenção, por isso, o senador Eduardo Amorim (PSDB-SE) rememorou em reunião com os integrantes da Associação de Renais Crônicos e Transplantados do Estado de Sergipe (Acrese), que o Estado foi pioneiro em transplantes no Nordeste. “Nosso Estado, que foi pioneiro no transplante de coração no Nordeste, não faz um único transplante já há seis anos, nem o mais simples deles, o de córnea”, lamentou o senador. O encontro aconteceu na manhã dessa sexta-feira, 26, na própria sede.

O parlamentar lembrou ainda, que o Governo de Sergipe criou a Fundação Hospitalar de Saúde em 2008, a qual foi instituída em novembro de 2009, para ser responsável pelo gerenciamento de diversos hospitais regionais, do Hospital de Urgência de Sergipe, Unidades de Pronto Atendimento, além do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). “O mesmo Governo que a criou e seus sucessores, a envolveu em dívidas impagáveis e em imensas dificuldades”, explicou.

Na opinião de Eduardo Amorim, Sergipe retroagiu no tempo, reduzindo a sobrevida dos pacientes que necessitam de transplantes. “Estima-se que, em Sergipe, cerca de 400 pessoas estejam na fila para o transplante de rim. Já para o de córnea, pouco mais de 160 pessoas esperam e nutrem a expectativa de que o governo mude a perspectiva e consiga voltar a realizar esse procedimento”, disse o senador.

De acordo com o atual presidente da Associação de Renais Crônicos e Transplantados do Estado de Sergipe, Lúcio Alves Costa, a situação do renal crônico sergipano é grave em quaisquer aspecto, do diagnóstico até o pós-transplante. “Estamos vivendo um massacre silencioso por desassistência médica. Isso é muito grave. Não é exagero e nem força de expressão, é a nossa realidade”, lamentou.



Segundo Lúcio, o paciente que chega com a creatinina 7.7 não tem como esperar, lembrando que os níveis normais variam entre 0,6 a 1,3 mg/dl. Então ele é direcionado para o Hospital de Urgência de Sergipe – Huse – que é o único de portas abertas para receber o paciente quando já está no estágio 5 da doença, já considerado estágio terminal. “Por falta de entendimento, as pessoas não tem noção da gravidade e vivem um massacre silencioso sem que ninguém associe isso como desassistência médica. Isso tudo se deve a falta de vontade política e a uma associação anterior que não faziam o papel dela. Temos um ano que assumimos essa casa, e não paramos de apresentar todas essas gravidades. Não só a sociedade, como todas as autoridades competentes têm conhecimento. Em todos esses locais que nós fomos, nenhum nos contestou porque provamos o que dizemos”, relatou Lúcio.



Existe mais de 2.400 pacientes renais agudos e crônicos no Estado, segundo dados cadastrais do Centro de Atenção à Saúde de Sergipe, o Case, órgão que disponibiliza a medicação para os renais, sejam eles agudos ou crônicos. Os renais agudos são aqueles que não cronificaram ainda e fazem o tratamento conservador, com medicação; e os crônicos são os que estão na máquina de hemo e os transplantados, que não deixam de ser pacientes.



Desassistidos



Para Lúcio, essa negligência com a causa dos renais crônicos parte tanto do Legislativo quanto do Executivo. “O Governo do Estado e a Prefeitura de Aracaju também não dão atenção”, diz ele, que também questiona o pagamento do TFD – Tratamento Fora do Domicílio – de forma antecipada, além de num valor mais adequado. “Recebemos R$ 24,75 para custear as viagens que precisamos fazer por causa do tratamento. Não dá para nada. A Portaria que estipula esse valor é de 1999. De lá pra cá, várias coisas já foram atualizadas, menos o TFD. Governo e Prefeitura ficam caladinhos. Isso não existe”, criticou ele, que ainda completou. “De 2012 até 2017, chegaram para Sergipe mais de R$ 120 milhões para nós renais sob a rubrica ‘Transplantes e Nefrologia’. E onde está esse dinheiro?”, questionou.

Lúcio relatou também que não possui nenhum tipo de apoio financeiro. “Mantemos a Associação com o próprio bolso, contudo, nos tornamos referência nacional na questão do enfrentamento da causa do renal. O que nós podemos contar é com estímulos e lutas como a do senador Eduardo, por exemplo, que é um dos nossos defensores, que usam a tribuna do Senado Federal para tratar e expor todas essas mazelas em busca de resultados”, concluiu.



Anualmente, o senador Eduardo propõe sessão especial para comemorar o ‘Dia Mundial do Rim’. Ele alega que o evento é uma maneira de chamar a atenção para as doenças que afetam o órgão, como a doença renal crônica, que tem aumentado em todo o mundo. Segundo ele, cerca de 50 mil brasileiros morrem por ano vítimas de algum tipo de doença renal crônica. Ele também enfatizou em reunião que é um soldado abnegado dos renais crônicos, e que estará sempre à disposição da Acrese.