Adoção: um ato de amor

Especialista orienta sobre as principais dúvidas sobre o tema

Publiciado em 25/05/2017 as 10:54

A adoção é uma das questões mais delicadas no país. Apesar do número alto de famílias que tem interesse em adotar, os perfis exigidos não condizem com a realidade das crianças disponíveis para adoção, a idade ainda é um dos obstáculos. O fato é que apenas um em cada quatro pretendentes (25,63%) admite adotar crianças com quatro anos ou mais, enquanto apenas 4,1% dos que estão no cadastro do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) à espera de uma família têm menos de 4 anos. Sarah Lopes, psicóloga do Hapvida, desconstrói a escolha das preferências na hora da adoção.

“Algumas pessoas preferem bebês porque acreditam que os laços de afetividade são melhores constituídos nesta fase, porém, é um engano pensar dessa forma. Os laços afetivos podem ser construídos a qualquer tempo”, lembra Sarah Lopes. 

Ainda segundo o Cadastro Nacional de Adoção (CNA) e o Cadastro Nacional de Crianças e Adolescentes Acolhidos (CNCA), administrados pelo CNJ. Existem hoje cerca de 5.500 crianças em condições de serem adotadas e quase 30 mil famílias na lista de espera do CNA. O Brasil tem 44 mil crianças e adolescentes atualmente vivendo em abrigos, segundo o CNCA — em fevereiro do ano passado, eram 37 mil. A especialista ressalta sobre o perfil psicológico das crianças em abrigos ou orfanatos.

“Na maioria dos orfanatos não são disponibilizados acompanhamento psicológico para as crianças, geralmente, o acompanhamento é realizado por assistente social, ou ainda, quando esta criança entra em processo de adoção. Neste caso, uma avaliação da criança e dos candidatos a pais adotivos é realizada. Ainda assim, é notória a necessidade deste acompanhamento, levando em consideração a condição de abandono que vivem essas crianças”, esclarece. 

O acolhimento e estímulo à adaptação da criança são fundamentais, nesse momento é crucial o empenho de toda a família. “O ideal é que no período de adaptação os pais e a criança passem por um acompanhamento. Mesmo que seja para orientações em relação ao trato com a criança e a burocracia que envolve o processo. Alguns pais procuram por conta própria, outros, as instituições orientam e disponibilizam durante algum tempo”, elucida.

Em alguns casos o casal que resolve adotar já tem filhos biológicos ou passam a ter, nesses casos a especialista explica que é importante não fazer distinção no tratamento. “O segredo para essa inserção é agir da mesma forma com os outros filhos. Não deve haver privilégios para nenhum. É comum em algumas famílias onde existem filhos adotados um excesso de mimos para compensar a adoção, mas este tipo de comportamento não deve existir nas famílias com nenhum dos filhos”, assevera.