A exploração e o abuso sexual de crianças e adolescentes são uma das violências mais graves que pode existir e um dos maiores problemas enfrentados pela sociedade. Não é à toa que o dia 18 de maio é marcado pelo Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração de Criança e Adolescente. Segundo dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT), ocorrem por ano no Brasil, cerca de 100 mil casos de abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes. Porém, menos de 20% desses casos chegam ao conhecimento das pessoas encarregadas de tomar providências.

A criança e o adolescente deveriam ser resguardados e protegidos pela, respeitando seu processo de formação e direitos, como prevê o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), mas, infelizmente, o que a realidade apresenta são dados estarrecedores de violência contra esse público, e que causa danos muitas vezes irreversíveis. A psicóloga do Hapvida, Sarah Lopes, explica a diferença entre abuso sexual e exploração sexual de criança e adolescente.

“ O abuso sexual vai consistir no ato de invasão do corpo da criança e do adolescente, com violência física ou não, para fins sexuais, já a exploração sexual, ocorre o abuso também, o uso do corpo da criança e do adolescente com fins lucrativos para o adulto”, diferencia.  

As duas violências configuram crime. É fundamental que, ao descobrir, as pessoas denunciem. Basta discar o número 100. Os sinais podem ser visíveis ou quase imperceptíveis, mas é possível identificar. “ Procure por sinais de inquietação ou medo. Você deve observar se seu filho parece estar hesitante ou com medo de ir para casa. Crianças abusadas fisicamente geralmente também mostram reações extremas a barulhos altos, a movimentos repentinos ou até mesmo a toques físicos. Mesmo quando o abuso é sexual, estes sinais devem ser observados.”, ressalta a psicóloga.

A especialista destaca que os danos gerados pelo abuso são imensuráveis, a criança e o adolescente perdem sua autoestima, sua dignidade e sua personalidade. “Algumas dessas crianças podem viver uma vida desordenada e não aceita pela sociedade, onde não há como planejar um futuro maior e com expectativas, passando a ser discriminadas socialmente, já que não possuem estrutura familiar, sem educação, sem desenvolvimento sadio além de alguns problemas causados pela situação de vulnerabilidade como o uso de drogas e DSTs.”, aponta.

O tratamento e o acompanhamento psicológico da criança e adolescente vítima são fundamentais. “Inicialmente, essas crianças necessitam de um apoio social. Subsídios suficientes para que a situação de rua não retorne, quando a criança e o adolescente estão nas ruas. O tratamento psicológico deve ser pautado em sua autoestima e no apoio com sua crença interna, fazendo com que a criança desenvolva outras habilidades.”, esclarece.

O apoio da família é imprescindível para a recuperação da criança e do adolescente em situação de violência sexual. “Dentre os casos de exploração sexual, geralmente a família é desestruturada e requer também apoio psicológico. Nesse caso, fazer com que entendam as consequências para as crianças que sofrem este tipo de abuso”, assevera.