A maternidade romantizada e os perigos de uma depressão pós-parto

Especialista explica como o problema pode se desenvolver

Publiciado em 06/04/2017 as 20:11

O excesso de cobrança, a ansiedade, o medo e as novas responsabilidades fazem parte da realidade das mulheres gestantes e em fase puerpério. Diferente do que o senso comum afirma, não existe instinto materno, já dizia a estudiosa Elisabeth Batinder, a maternidade é uma construção social, que a convivência é responsável por moldar.

A Depressão Pós-Parto é uma das doenças que pode acometer a mulher nesse período tão vulnerável que é o puerpério. Sarah Lopes, psicóloga do Hapvida, coloca quais os possíveis fatores para o desenvolvimento do transtorno.  

Pode existir uma predisposição, uma baixa hormonal, uma expectativa muito grande em relação a maternidade, ausência de sono, irritabilidade, sensação de solidão nos cuidados com a criança e outras motivações. Enfim, as mudanças que ocorrem tanto na rotina familiar quanto na rotina fisiológica da mulher podem desenvolver a depressão pós-parto”, explica.

É preciso que a família e amigos estejam por perto para apoiar e cuidar da mulher com depressão pós-parto, é importante que aqueles mais próximos estejam atentos aos sintomas.

Dentre alguns dos sintomas, os mais comuns são a recusa em amamentar, recusa em olhar para a criança, dificuldade com o sono, vontade de sumir, negligência com a criança e consigo. Neste momento, algumas mulheres acabam culpando a criança pela mudança em sua rotina, fazendo com que o que deveria ser amor e cuidado, seja transformado em aversão e rechaço”, exemplifica.

A especialista alerta para os problemas que podem surgir, caso não haja um acompanhamento direto da família e de profissionais da saúde, como desnutrição da criança, descaso com a criança e consigo mesma, por isso é fundamental buscar tratamento.

O tratamento é semelhante aos casos depressivos em geral. Dependendo da gravidade, pode introduzir uma medicação e a amamentação ser substituída, ou ainda, alguns familiares e amigos podem ajudar com o cuidado com a criança, permitindo que a mulher que está com o transtorno perceba que não há muito sofrimento com a mudança da rotina, ou ainda, fazendo com o que esta mulher comece a sentir prazer com os cuidados com a criança. Em alguns casos, o transtorno pode durar algumas semanas, em outros casos pode durar anos”, elucida.