STF estende inquérito de ex-ministro de Lula acusado de assediar ministra

Ministro André Mendonça acatou pedido da defesa de Silvio Almeida para PF ouvir novas testemunhas

Publiciado em 19/04/2025 as 08:47

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), André Mendonça, decidiu voltar a ampliar o prazo do inquérito que investiga o ex-ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida pela suspeita de crime de importunação sexual contra a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco. Relator do caso de escândalo sexual derrubou Almeida do governo Lula (PT), em setembro de 2024, Mendonça acatou pedido da defesa do ex-ministro para que a Polícia Federal ouça  depoimentos de novas testemunhas.

A segunda prorrogação da investigação neste ano de 2025 deve estender o inquérito até maio, quando o relatório final será concluído com grandes chances de indiciar o ex-ministro de Lula. Em fevereiro, André Mendonça atendeu pedido da PF por mais prazopara concluir as apurações que envolvem, além da acusação de assédio sexual, casos de de outras mulheres que expuseram denúncias de assédio sexual e moral, na convivência com Silvio Almeida, que nega todas as acusações.

A investigação tomou depoimento de Anielle Franco em outubro de 2024. E o processo tramita no STF porque o ministro André Mendonça entendeu que a prerrogativa de foro atraiu o inquérito pelo fato de as acusações terem relação com o momento em que Almeida estava no cargo de ministro.

Denúncia e defesa

O ex-ministro foi acusado da importunação sexual em setembro de 2024 pela organização Me Too, que atua na proteção de mulheres vítimas de violência. A ONG relatou ter acolhido mulheres que denunciaram assédio sexual por parte do então ministro, que é professor e advogado.

Silvio Almeida já afirmou que repudia “com absoluta veemência” as denúncias, que chamou de “mentiras” e “ilações absurdas” disseminadas com o objetivo de prejudicá-lo. E, há dois dias, o ex-ministro voltou às redes sociais para pedir Justiça e anunciar seu retorno ao trabalho, escrevendo e revisando livros e debatendo em seu canal no YouTube.

“Eu estou vivo, continuo indignado e não quero compaixão e nem ‘segunda chance’. Eu quero justiça. Tentaram me matar. Mas não deu certo […] E se morto levanta, acabou o velório. Nestes últimos meses, tentaram me fazer esquecer quem eu realmente sou, quem eu fui e quem eu sempre quis ser. Tentaram apagar trinta anos de trabalho sério, de dedicação e de muita renúncia”, escreveu Almeida sobre as acusações.

No fim de março, a ministra do STF, Cármen Lúcia, cobrou que o ex-ministro Silvio Almeida explicasse a acusação que ele fez contra organização não governamental Me Too Brasil, após esta entidade expor denúncias de assédio sexual que o derrubaram do cargo no governo de Lula. A intimação resultou da queixa-crime por difamação apresentada pela ONG, após o Ministério dos Direitos Humanos (MDH) reagir ao escândalo sexual envolvendo seu então ministro, acusando a Mee Too Brasil e sua advogada e diretora-presidente, Marina Ganzarolli, de tentarem interferir em licitações do Disque 100, canal do governo para denúncias de violações aos direitos humanos.

 

 

Fonte: Diário do Poder