Ciclo de formação debate o antirracismo como prática política

Publiciado em 10/05/2021 as 11:24
Assessoria Parlamentar

No último sábado, 8, a mandata da parlamentar Linda Brasil (PSOL), realizou mais um importante Ciclo de Formação “O antirracismo como prática política” e contou com a participação da professora de história Carine Mangueira, do advogado Alexis Pedrão e da jornalista Laila Oliveira. Com a mediação da vereadora, o debate abordou questões como o genocídio da população negra, a luta por moradia, a negligência com a população carcerária, as políticas afirmativas entre outras.

Alexis Pedrão trouxe para o debate recentes episódios de racismo, como o genocídio ocorrido na comunidade Jacarezinho, na cidade do Rio de Janeiro, onde, em uma operação policial, foram mortos 27 moradores. A política de violência e mortes nas favelas são práticas recorrentes e que desvelam as formas como o racismo se manifesta e se estrutura na sociedade. Ele destaca que diariamente situações de extermínio ocorrem também localmente.

Ele refletiu sobre a negligência dos governos em relação às políticas de moradia, como a falta de assistência aos moradores da Ocupação do Centro Administrativo, onde tem cerca de 70 famílias. “Até agora, o governo não avançou nas negociações, recebeu a gente há 3 anos atrás e depois estagnou. Já doou uma parte do terreno para uma construtora, agora está doando para a construção da Câmara de Vereadores, e se pode doar para a Câmara, pode doar para as famílias que moram lá”, afirmou.

Linda cumprimentou o professor doutor Ilzver Matos, que interagiu parabenizando o debate, e, na ocasião, ela fortaleceu a importância da luta e resistência dele diante de não ter conseguido assumir a vaga que lhe era de direito. “Ilzver vamos lutar e como Alexis colocou, vai ser linda a sua posse. Tem uma coisa que eles não podem nos tirar que é a nossa coragem de denunciar, e denúncias que têm trazido caminhos para a reparação de um racismo que é histórico”, dcclarou.

Carine Mangueira, militante da Auto organização de Mulheres Negras Rejane Maria e do PSOL, inicia sua fala trazendo um importante pensamento da filósofa negra Aza Njeri que diz “nossa humanidade não pode ser negociada”, e com isso ela ressalta que não é possível fazer luta antirracista sem luta anticapitalista, porque o capitalismo está sempre utilizando das subjetividades da população negra para se beneficiar.

A historiadora ressalta como a escola também é um espaço onde o pensamento capitalista e ocidental, e por isso, a importância de um deslocamento do olhar na formação, a importância de se pensar mais ao sul, ou seja, a partir das perspectivas dos segmentos invisibilizados. Carine citou o pensamento da filósofa mulherista Katiuscia Ribeiro “Eu sinto, logo eu coexisto”, onde trouxe a importância do sentir enquanto expressão máxima de sensibilidade, solidariedade e combustível para as lutas.

“É uma fala para que a gente desperte os nossos sentidos, e não os disperse. Sentir é poderoso, sentir é ressignificador, sentir é revolucionário. Esses meus últimos anos de leitura e de vivência, enquanto professora, metade da minha militância é em sala de aula, e é essa militância que eu sempre vou reinvindicar, só sentindo e despertando o sentir dos outros é que é possível reinvidicar”, expressou.

A militante reforçou que lutas por moradia, por segurança alimentar, por políticas afirmativas também é luta antirracista. Apela para que as pessoas sintam para além da conveniência, que são muitos os corpos rejeitados por diversas formas de opressão que atravessam.

A jornalista e militante da Auto-organização de Mulheres Negras Rejane Maria, Laila Oliveira, iniciou sua fala pautando a importância de olhar para a trajetória das ancestrais, que resistiram com luta a tantas formas de extermínio, e que deixaram um legado de força e coragem, como Tereza de Benguela, Luiza Mahin e as Negras de Tabuleiro.

“É importante olhar para o processo das Negras de Tabuleiro, essas mulheres que, mesmo em situação de escravidão, conseguiram colocar em prática a estratégia de vender comida e o que produziam para conseguir alforriar outras mulheres e homens negros em condição de escravidão”, narrou.

Laila fez um resgate sobre a trajetória do movimento negro no Brasil, passando pela Frente Negra Brasileira, o Teatro Experimental do Negro e o Movimento Negro Unificado como algumas das experiências de maior potencialidade da história.

A jornalista ressaltou a relevância da inserção de pessoas negras, pessoas LGBTQIA+, indígenas e outras comprometidas com a luta, nos espaços legislativos, e como essas ações têm conseguido alterar as estruturas racistas e opressoras.

Por fim, Linda reforça que é necessário que todos os movimentos sociais e pessoas se mobilizem para o impeachment imediato do genocida que está no poder. “Somente com a saída dele podemos pensar em uma reestruturação no sistema. Então, eu queria agradecer, estou muita feliz com esse debate”, finalizou.

 

Ascom/Mandata de Linda Brasil