Patriotismo pós-golpe, por Rogério Carvalho

Publiciado em 07/09/2017 as 12:59

A data que celebramos a independência do nosso país é um convite à reflexão acerca da atual condição do país pós-golpe que tirou a presidenta Dilma do cargo. Do mesmo modo, esse 07 de setembro é um oportuno momento para dialogarmos sobre a realidade que queremos viver nos próximos anos. Afinal de contas, estamos ávidos para voltar a sonhar.
Após a independência do Brasil, em 1822, o país viveu seguidas décadas de exclusão social. Foi nos 13 anos que o país passou sob a tutela do Partido dos Trabalhadores que descobrimos o verdadeiro sentido de um país para todos. Ao vivenciarmos radicais mudanças no conceito de governar, descobrimos uma parcela da população que vivia à margem, apartada da sociedade.
Com Lula e Dilma à frente da nação, marcos econômicos e sociais nunca antes alcançados se tornaram realidade. Nada menos que 40 milhões de brasileiros das classes C e D, o equivalente a quatro vezes a população de Portugal, renasceu. Não por acaso, a nota do Brasil, no Índice de Desenvolvimento Humano da Organização das Nações Unidas - ONU -, que era de 0,649, no início dos anos 2000, em 2016, chegou a 0,755 (nota vai de 0 a 1). A pesquisa considera indicadores como a esperança de vida ao nascer, a expectativa de anos de estudo e a renda per capita.
Também tivemos grande aumento da escolaridade, avanços no combate à miséria e a retirada do Brasil do mapa da fome, ou seja, foi nas políticas sociais o maior legado deixado pelo PT. Outro indicador que também teve melhora foi o da desigualdade. Um relatório da ONU sobre o tema registrou uma queda significativa da desigualdade: de 54,2 para 45,9. Tal feito foi garantido pelos esforços para a formalização do mercado de trabalho, além dos programas de transferência de renda, como o Bolsa Família.
Após tantos avanços, em pouco mais de um ano após a consumação da trama que levou Michel Temer à presidência, o retrocesso que vivenciamos contabiliza algo em torno de 100 anos. Nesse fatídico período, amargamos o desmonte de programas sociais, como o Minha Casa, Minha Vida, que teve aporte radicalmente reduzido; assim como o Ciência sem Fronteiras e a Farmácia Popular, que simplesmente acabaram.
Outra medida indigesta e de impacto catastrófico foi o congelamento dos investimentos públicos por 20 anos, ameaçando os serviços universais, em especial saúde e educação. Para completar o serviço, Temer aprovou a reforma trabalhista que liquida, definitivamente, com a proteção ao trabalhador, já que a Consolidação das Leis do Trabalho - CLT - perde qualquer efeito de regulação das relações de trabalho.
O mesmo vale para a proposta de reforma da Previdência, que, se aprovada, impedirá o direito à aposentadoria para milhões de trabalhadores brasileiros, com a imposição da idade mínima de 65 anos e de tempo de contribuição de 40 anos para o benefício integral.
Isso sem falar nas políticas antinacionais, com o projeto de liberação da venda de terras para estrangeiros, e o desmonte dos bancos públicos, um completo esvaziamento dos mecanismos de atuação do interesse público na gestão econômica.
Diante do cenário, a única saída para a situação em que o país se encontra é a ampla mobilização popular. Vamos aplaudir o sentimento de patriotismo do sofrido povo brasileiro, dar-nos as mãos com o desejo de renovar as esperanças de o nosso povo conquistar a sua verdadeira independência.