Após quase um ano da morte de Genivaldo Santos, defesa divulga carta de policial rodoviário federal preso

Sergipano morreu após ter sido trancado no porta-malas de uma viatura da PRF e submetido à inalação de gás lacrimogêneo.

Publiciado em 05/05/2023 as 08:00
redes Sociais/ Reprodução

Após quase um ano da morte de Genivaldo Santos, de 38 anos, durante uma abordagem da Polícia Federal em Sergipe, o policial rodoviário federal, Paulo Rodolpho Lima Nascimento, que está preso, se pronunciou pela primeira vez, através de uma carta enviada ao g1, nesta quinta-feira (4), por seu advogado de defesa. Genivaldo morreu após ter sido trancado no porta-malas de uma viatura da PRF e submetido à inalação de gás lacrimogêneo no dia 25 de maio de 2022.

Em um trecho da carta divulgada pelo advogado Rawlinson Ferraz, o policial narrou o dia da ocorrência: “estávamos eu e meus colegas prontos para mais um dia de serviço, quando nos deparamos com uma ocorrência aparentemente simples, mas que evoluiu para o nível de resistência nunca experimentado antes, na qual foi preciso empregar todos os recursos disponíveis para conter e acalmar um ânimo de júria cujos motivos eram desconhecidos”.

No texto, que ainda não faz parte do processo, o policial afirma que usou os equipamentos de rotina na abordagem. “Não sou perverso. Usei os equipamentos que a polícia me confiou justamente para conter a agressividade e preservar a integridade”.

O advogado Carlos Barros, que faz a defesa de Kleber Nascimento, informou que não vai comentar a carta. Já o advogado Glover Castro, que representa Willian de Barros Noia, disse que também não teve acesso à carta. E reafirmou que a abordagem inicial a Genivaldo foi realizada nos padrões recomendados pelos manuais.

Os três policiais foram indiciados por homicídio qualificado e abuso de autoridade. A Justiça Federal determinou que os acusados fossem submetidos a júri popular. Ainda cabe recurso da decisão.

Júri popular
Ainda segundo a determinação judicial, a acusações são de tortura e de homicídio triplamente qualificado, a de abuso de autoridade foi retirada. O documento cita ainda, a manutenção da prisão preventiva dos envolvidos.

Os policiais rodoviários federais foram presos preventivamente após se apresentarem voluntariamente à Polícia Federal (PF) no dia 14 de outubro. Eles foram indiciados por homicídio qualificado e abuso de autoridade. A certidão de óbito apontou asfixia e insuficiência respiratória como causa da morte.

Perícia sobre o caso
Genivaldo morreu após ficar 11 minutos e 27 segundos exposto a gases tóxicos e impedido de sair da viatura da PRF, segundo perícia feita pela PF. O Fantástico teve acesso aos resultados da perícia com exclusividade.

Durante as investigações, os peritos atestaram que a concentração de monóxido de carbono foi pequena. Já a de ácido sulfídrico foi bem maior, e pode ter causado convulsões e incapacidade de respirar.

Segundo a perícia, o esforço físico intenso e o estresse causados pela abordagem policial resultaram numa respiração acelerada de Genivaldo. Isso pode ter potencializado ainda mais os efeitos tóxicos dos gases. A perícia afirmou ainda, que os gases causaram um colapso no pulmão da vítima.

Fonte: G1 Sergipe