Antropologia Forense do IML identifica corpos e ossadas em avançado estado de decomposição

Publiciado em 18/09/2021 as 07:07

O serviço de Antropologia Forense do Instituto Médico Legal (IML) foi fundamental para a confirmação da identidade de uma vítima de homicídio que teve o corpo encontrado enterrado na praia do Viral, em agosto deste ano. Como o corpo estava em estado de semi-esqueletização, foi necessário um processo mais detalhado de análise dos restos mortais e com a participação da família, que trouxe fotografias e narrou detalhes essenciais para que a vítima fosse identificada. E esse é apenas um dos casos desvendados pelo IML. O processo leva um tempo maior justamente pelo estado em que chegam os corpos.

A perita odontolegista Suzana Maciel explicou que, por meio da Antropologia Forense, corpos que não podem ser necropsiados pelas técnicas iniciais de identificação, podem ser identificados. “É um serviço relativamente recente no estado, que atende esses casos de corpo que não podem passar por uma necropsia convencional. São corpos que chegam em avançado estado de decomposição, carbonizados, fragmentados ou até ossadas, que não tem mais estrutura que pode ser visualizada em uma necropsia convencional”, mencionou.

Após o recebimento desses corpos, eles são preparados para o processo de identificação com as técnicas da Antropologia Forense. “Os corpos são recebidos por nossa equipe, com análises fotográficas, radiografias e análises das vestes e pertences que estão juntos. Esse corpo então é encaminhado para um processo de limpeza, que é um tanto demorado pelas condições que se encontra. Esse processo chamamos de maceração, em que esse corpo vai ser limpo e reduzido a osso, que é onde nós temos informações que podem trazer respostas sobre a identidade da pessoa”, detalhou a perita.

Suzana Maciel destacou que, nesse processo de busca pela identidade da vítima, há uma conversa com os familiares para a coleta de informações que são essenciais para que a equipe chegue ao nome e as causas da morte. “É um trabalho sério e baseado em metodologias que são aceitas internacionalmente para serem utilizadas nesses casos de corpos em avançado estado de putrefação. As famílias são recebidas por nossa equipe e passam por uma entrevista muito detalhada, em que coletamos informações sobre esse indivíduo e vamos fazer a análise desse corpo”, revelou.

Com a análise feita por meio da Antropologia Forense, assim como salientou a perita odontolegista, há a emissão de um laudo pericial, que pode contribuir, inclusive, com as investigações instauradas pela Polícia Civil. “O laudo pericial é muito importante no processo de investigação dessa morte. Nesse laudo, deverá constar a identidade desse indivíduo, como foi que morreu, qual o tempo de morte e quais as circunstâncias desse evento morte. Esse laudo é encaminhado para a delegacia que acompanha esse caso”, acrescentou.

Nesse processo de busca pela identidade da vítima, todas as informações, fotografias e documentos são essenciais para que a equipe do Instituto Médico Legal chegue à identidade da vítima e que haja uma resposta para os familiares. “É muito importante que nesse processo de investigação tenha uma participação muito grande da família, pois só conseguimos identificar quando temos documentos e informações importantes que são trazidas pela família”, evidenciou.

E assim ocorreu na busca pela identidade da vítima que foi encontrada na região do Viral, em Aracaju. “Nós entregamos nesta semana a ossada que foi encontrada e que estava em um processo de semi-esqueletização, quase esqueletização completa, e passou por esse processo. Recebemos o pai logo quando a ossada chegou e foi um dos questionamentos que ele fez, com relação ao tempo. Quando conversamos, explicamos todo o processo e mantivemos o contato com ele. Foi muito importante a participação do pai que trouxe muitas fotografias e muitas informações importantes que foram utilizadas para identificação”, mencionou Suzana Maciel.

O processo de Antropologia Forense vem ajudando outras pessoas, como também é o caso da família de Daniele Nilza Santos. Ela relembrou que o irmão desapareceu no dia 5 de março. "Após um surto, ele subiu o telhado e pulou para dentro de uma mata, não sendo mais visto. O corpo foi encontrado dois meses depois. Eu fui bem recebida no IML. A doutora que me atendeu foi extremamente voluntária, perguntou, se interessou pelo caso. Entendi todo o processo e não demorou. Eles me deram de três meses a um ano. O que tínhamos, ajudamos. Foi um alívio, pois agora sabemos onde ele está. Não queríamos encontrar ele dessa forma, mas foi um alívio”, rememorou.

 

 

 

Da ASN