Sergipe é o estado do país com menor número de ocorrências contra instituições financeiras nos últimos dois anos

Publiciado em 23/10/2020 as 06:33

Em Sergipe, a explosão de duas agências bancárias foi a única ocorrência de investida criminosa contra instituições financeiras em 2019. O caso ocorreu na madrugada do dia 2 de maio. As investigações conduziram os policiais à localização e prisão de envolvidos no crime. O levantamento foi feito pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e publicado no Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2020, divulgado nacionalmente no último domingo, 18. No estado, o Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) é responsável pelas investigações de ações criminosas de grande complexidade que envolvem grupos criminosos interestaduais.

De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2020, em 2018, Sergipe registrou três investidas criminosas contra instituições financeiras. Já no ano seguinte, 2019, apenas um caso ocorreu em terras sergipanas. No Brasil, foram 828 ocorrências, em 2018, e 433, em 2019. O diretor do Cope, delegado Dernival Eloi, relembrou que o estado já fez parte das estatísticas dessas ações criminosas, mas que, a partir da identificação do problema e novas estratégias de combate à criminalidade, houve uma notável queda na incidência de crimes contra instituições financeiras. 
 
“Nós vivemos nosso pior momento em relação a essa modalidade de crime contra instituições financeiras no ano de 2015. Naquele ano, foram 27 eventos contra instituições financeiras, sendo explosões, furtos e também assaltos no ‘vapor’, que ocorrem com o banco em funcionamento. A partir do ano de 2016, nós mudamos a política de repressão a esses crimes e, a partir daí, estamos tendo uma queda vertiginosa em relação a essa modalidade de crime. A política adotada se refere basicamente a duas palavras: antecipação e integração”, especificou.
 
Dernival Eloi detalhou que o trabalho integrado contribuiu para operações rápidas, que se antecipavam à ação dos grupos criminosos. “Investigávamos esses eventos sem compartilhar informações com outras agências de inteligência e com órgãos operacionais de outros estados. A partir desse momento, que nos somamos a outras forças de segurança, nos possibilitou, através de ações de inteligência, com o apoio da Dipol, nos antecipar a essas condutas criminosas. Com essa antecipação, prevenimos a integridade física da população e dos policiais”, explicou.
 
O comandante-geral da Polícia Militar, coronel Marcony Cabral, reiterou que o resultado positivo é fruto da integração entre as forças de segurança e também das ações de monitoramento em todo o estado. “É fruto do trabalho integrado, de um monitoramento constante que nós temos. Nós fizemos um treinamento para que os policiais ficassem mais atentos a movimentos estranhos nas cidades. E, então, passar essas informações para que, nos níveis de atuação, pudéssemos agir, principalmente, de forma preventiva”, evidenciou.

No decorrer desse período, foram mais de 20 grandes operações, que resultaram na localização de mais de 130 suspeitos. As ações policiais da unidade também resultaram na apreensão de 158 armas de fogo, incluindo fuzis. Desse modo, conforme ressaltou Dernival Eloi, o estado encontra-se em uma situação bem diferente da que é verificada em outras localidades do país, onde ainda há grande incidência de investidas criminosas contra bancos e unidades financeiras.
 
“Sergipe vive uma ilha em relação ao restante do Brasil, como o Anuário constatou. Estamos há cerca de um ano e meio sem um evento consumado, o último ocorreu em Umbaúba, quando todo o grupo criminoso foi preso. Saímos da cena do crime com pessoas presas em flagrante, o que é uma situação bastante rara. Muitas das nossas investigações terminam em operações em outros estados da federação. Compartilhamos informações  com polícias de São Paulo, Bahia, Pernambuco, Ceará”, reiterou.
 
O coronel Marcony Cabral ressaltou a importância da atuação preventiva no combate à criminalidade no estado. “Já tivemos situações, em cidades de divisas, em que nos antecipamos e, com o apoio da Polícia Civil, conseguimos prender um grupo que iria fazer uma ação no estado. Também quando está acontecendo, nós já temos um planejamento de distribuição de unidades especializadas para fazer o recobrimento da ação”, mencionou.
 
O diretor do Cope salientou que o foco no trabalho preventivo continua, para que sejam identificados, o mais breve possível, grupos criminosos que idealizem investidas delituosas no estado. “Temos esse contato estreito com as forças de segurança de estados vizinhos e com a Polícia Militar no Estado de Sergipe, que sempre nos auxilia. E também trocamos informações com a Polícia Federal, com a Polícia Rodoviária Federal e sempre contamos com a presteza do Poder Judiciário e do Ministério Público, que são bastante diligentes nas medidas cautelares que pleiteamos para o combate desse tipo de crime”, complementou.
 
Além do investimento na segurança pública, o coronel Marcony Cabral atribuiu a troca de informações como uma das bases para os resultados positivos que foram verificados pelo Anuário Brasileiro de Segurança Pública. “É importante frisar a troca de informações constantes, porque, no combate ao crime organizado, precisamos investir em tecnologia e inteligência, mas principalmente na troca de informações rápidas e eficientes, para que nosso trabalho tenha sucesso, como tem tido ao longo desses anos”, assinalou. 

Roubo de cargas
 
O Cope também é a unidade policial responsável pelas investigações de roubo de cargas em Sergipe. O estado não vem registrando esse tipo de ocorrência. O diretor do Cope, Dernival Eloi, explicou que as ocorrências registradas em terras sergipanas estão atreladas ao furto da carga. “O que temos verificado em Sergipe é o aumento do furto qualificado mediante fraude, que é quando o motorista simula que foi roubado. Ele passa 24 horas, 48 horas sem registrar o boletim de ocorrência. E quando procura o complexo, já percebemos que se trata de uma fraude”, enfatizou.

 

 

 

Da ASN