Carlos Bolsonaro deu cargo a mulher que foi laranja de militar, diz jornal

A funcionária mora em uma casa de Jair Bolsonaro no Rio de Janeiro

Publiciado em 10/05/2019 as 10:31
Foto: Caio César/CMRJ

O vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro, manteve empregada por 18 anos uma funcionária que já foi laranja de um militar. Cileide Barbosa Mendes teria emprestado o nome para a criação de empresas de telecomunicação de 1 tenente-coronel do Exército enquanto estava no cargo. O militar também é ex-marido da 2ª mulher do presidente, Ana Cristina.

As informações foram publicadas em reportagem do jornal Folha de S. Paulo nesta sexta-feira (10).

Cileide atuou no gabinete de Carlos na Câmara Municipal do Rio de Janeiro de 2001 até o início deste ano.

Enquanto trabalhava para o vereador, Cileide apareceu como responsável pela abertura de 3 empresas. O registro estava em seu nome. Na prática, era laranja do militar Ivan Ferreira Mendes. Os negócios foram abertos no endereço em que hoje está o escritório de Jair Bolsonaro.

Ivan disse que não considera o termo “laranja” adequado, mas admitiu que Cileide “emprestou o nome”. De acordo com a legislação, funcionários públicos, incluindo membros das Forças Armadas, não podem dirigir empresas.

O militar, hoje reformado, também afirmou que a funcionária atuava no gabinete de Carlos e nunca trabalhou nos negócios. Mas, segundo apuração da Folha, ela seguiu assinando documentos em seu lugar.

“Aquele período em que ficou vinculada ao gabinete com o nome na empresa incomodava muito a nós todos”, disse o militar ao jornal.

Antes de trabalhar no gabinete, a funcionária prestava outros serviços para a família Bolsonaro. Na década de 1990, Cileide cuidava dos afazeres domésticos da ex-mulher de Bolsonaro e de Ivan, ex-marido de Ana Cristina e responsável pelas empresas. Também foi babá de um filho do casal.

Ao jornal, Jorge Luiz Fernandes, chefe de gabinete de Carlos, disse que Cileide trabalhava para o vereador, mas cuidava da casa onde funcionava o escritório de Jair Bolsonaro e entregava correspondências. Depois, ela passou a coordenar o trabalho do gabinete.

Mesmo com a evolução do trabalho, o salário da funcionária diminuiu. Diários da Câmara Municipal registram que a remuneração em 2001 era como assessora especial. O pagamento atual para esta função é de R$ 15.231. Em 2004, mesmo ano de abertura de duas das empresas, ela abriu mão do antigo cargo para ser auxiliar de gabinete, com remuneração de R$ 7.483.

A funcionária mora em uma casa de Jair Bolsonaro, em Bento Ribeiro, no Rio de Janeiro. Ela não respondeu os contatos da reportagem.

Com informações do Poder360