Coletes amarelos voltam às ruas na França

Publiciado em 10/02/2019 as 07:41


Os "coletes amarelos" retomaram os protestos neste sábado (9), em toda França, e há pelo menos um ferido e dez detidos em Paris.

Um homem perdeu a mão, em um incidente ocorrido durante o protesto em Paris, e foi retirado pelos bombeiros com o antebraço protegido. Em imagens divulgadas pela emissora russa RT, médicos que acompanham os manifestantes falaram de uma mão arrancada, mas ainda não se sabe exatamente o que aconteceu.

Segundo Cyprien Royer, de 21 anos, uma testemunha que filmou o fim do acidente, a mão foi arrancada por uma granada de dispersão, usada pela polícia quando a multidão se aproximava da entrada da Assembleia Nacional.

Royer disse que a vítima é um fotógrafo dos "coletes amarelos" que estava tirando fotos das pessoas que empurravam as grades que protegiam a entrada do Parlamento.

"Quando os policiais quiseram dispersar a multidão, recebeu uma granada de dispersão na panturrilha. Ele quis dar um golpe com a mão para que não explodisse na perna, mas, quando tocou nela, explodiu", contou a testemunha à AFP.

"Nós o colocamos de lado e chamamos os 'street-medics'. Foi feio. Ele gritava de dor. Não tinha mais nenhum dedo. Não sobrou quase nada depois do pulso", afirmou.

A Polícia local confirmou para a AFP que um manifestante "ficou ferido na mão" e foi auxiliado pelos bombeiros, sem dar mais detalhes.

Protestos em várias cidades
Esta é a 13ª manifestação desde o início do movimento, agora enfraquecido depois de três meses nas ruas.

Nos últimos dois sábados, a presença foi menor. Segundo o Ministério francês do Interior, 58.600 pessoas se mobilizaram em 2 de fevereiro. O movimento rejeita esse número e fala em 116.000 manifestantes.

Em Paris, centenas de pessoas chegaram à Champs-Élysées esta manhã, de onde seguiriam até a Torre Eiffel, indicou um jornalista da AFP no local.

"Não podemos nos render. Temos que ganhar para ter mais justiça social e fiscal neste país", disse Serge Mairesse, um aposentado de Aubervilliers, localidade próxima de Paris, que carregava um cartaz reivindicando o restabelecimento do imposto sobre fortunas. Essa taxa foi substancialmente reduzida pelo presidente francês, Emmanuel Macron.

"Este movimento expressa a autêntica raiva social neste país, as pessoas que nunca são ouvidas", afirma este homem de 63 anos, que participa de sua 11ª manifestação desde o começo dessa onda de protestos, em novembro passado.

Segundo uma pesquisa publicada na quinta-feira, dois em cada três franceses (64%) apoiam o movimento.

Os manifestantes gritavam palavras de ordem contra a polícia. Os ativistas acusam os agentes de terem usado balas de borracha contra a multidão, deixando vários feridos.

Dois veículos blindados da Gendarmeria estavam estacionados em frente ao Arco de Triunfo, que foi atacado pelos manifestantes em 1º de dezembro.

No restante da França, havia manifestações previstas em Bordeaux e Toulouse, palco de confrontos nas últimas semanas. Também há mobilizações previstas para acontecer em Lille, Nantes, Rennes e Brest.

O movimento está provocando um importante conflito diplomático entre França e Itália, depois que Luigi Di Magio, líder do Movimento 5 Estrelas e número 2 do governo italiano, reuniu-se na última terça-feira com Christophe Chalençon, um dos líderes dos "coletes amarelos".