Brasileiro relata apreensão diante de terremoto e da erupção de vulcão na Itália

Publiciado em 27/12/2018 as 13:16


De férias na região da Catania, no sul da Itália, o professor universitário Gerson Scheid jamais imaginou que passaria pelo susto que viveu nas últimas horas em decorrência do terremoto de 4.8 graus na escala Richter, que atingiu a Sicília, onde está, e a erupção do vulcão Etna. “Somos extremamente pequenos frente ao poder que o planeta possui sobre nós”, desabafou o professor à Agência Brasil.

Na última terça-feira (25), Scheid e um amigo alugaram uma casa numa região rural famosa pela produção de vinhos, azeitonas e pistaches, graças à fertilidade oriunda das lavas do vulcão. O local é muito próximo ao Etna. Na quarta-feira (26), enquanto dormiam, foram surpreendidos.

“Eram cerca de 3 horas da manhã quando fomos subitamente acordados pelo terremoto. As panelas na parede balançavam. O chão tremia a ponto de a cama balançar como se alguém a estivesse erguendo cada lado de uma vez. Achei que estava sendo chacoalhado para acordar, mas quando entendi vi que era o mundo que chacoalhava”, disse Scheid.

Sem entender o que ocorria, o professor universitário disse que correu para fora da casa e encontrou dezenas de pessoas na mesma situação. Segundo ele, ninguém se importava de estar com roupa de dormir. “Não fomos treinados no Brasil para casos assim”, reagiu.

De acordo com Scheid, a sensação de insegurança é absoluta. “Nossos amigos estadunidenses foram para baixo das portas, pois aprenderam que era o lugar mais seguro em caso de tremores de terra. Eu não sabia se o mais seguro era ficar na cama ou sair correndo.”

Apesar do desejo de manter o cronograma das férias, o professor universitário e o amigo decidiram deixar a Sicília e seguir rumo a Palermo. “Nossas famílias cobravam que fossemos embora. Sabíamos que as coisas estavam estranhas”, disse. "Sentimos que um tremor daquela força era algo que nunca havíamos sentido no Brasil. Era como se alguém balançasse seu chão para fazer você cair.”

Scheid disse que deixa a Catania com uma imagem que jamais esquecerá. “O céu estava cinza. Pagamos a casa, pegamos o carro e fomos embora para um lugar seguro. E assim entendemos que somos extremamente pequenos frente ao poder que o planeta possui sobre nós.”

Estado de emergência
Após o terremoto causado possivelmente pela erupção do vulcão Etna, na Sicília, sul da Itália, o governo italiano se prepara para declarar estado de emergência e calamidade pública na região. Mais de 600 pessoas estão desalojadas, casas, edifícios e igrejas foram atingidos. Pelo menos seis municípios são apontados como os mais afetados pelos impactos dos tremores de terra.

O ministro do Interior da Itália, Matteo Salvini, chega hoje (27) à Catania, área mais afetada pelo terremoto de 4.8 na escala Richter e onde está o vulcão Etna, cuja erupção é apontada como principal causa para os tremores de terra. A expectativa é que seja decretado estado de emergência.

Antes, o Conselho de Governo da Região da Sicília se reunirá para declarar estado de calamidade. O presidente do órgão, Nello Musumeci, recebeu apoio e solidariedade de políticos de regiões vizinhas, porém está preocupado em recomeçar o processo de reconstrução.

O ápice do terremoto foi registrado entre a noite do dia 25 e a madrugada de ontem (26). Porém, ao longo dessa quarta-feira, o Instituto de Sismologia da Itália identificou vários momentos de tremores de terra na região da Catania, variando a partir de 2.0.

Impactos
Pelo menos 600 pessoas ficaram deslocadas, 15 residências foram atingidas e as fachadas de edifícios e igrejas destruídos. Foram danificadas as fachadas das igrejas Maria Santissima del Carmelo e Aci Sant'Antonio, em Pennisi, além da estátua de Sant'Emidio, protetor das vítimas do terremoto.

Seis municípios das áreas de Zafferana Etnea, o Acireale, o Aci Sant'Antonio, o Aci Catena, o Aci Bonaccorsi e Santa Venerina são os mais afetados pelos impactos causados pelo terremoto.