Forró Caju em Casa valoriza releitura e interpretação de obras musicais sergipanas

Publiciado em 22/06/2020 as 11:32

Entre os dias 23 e 29 de junho, a Prefeitura de Aracaju, por meio da Fundação Cultural de Aracaju (Funcaju), começará a exibir, em ambiente digital, por meio de transmissões em formato de lives, o Forró Caju em Casa, visando, neste momento de pandemia, garantir aos cidadãos acesso a entretenimento de qualidade durante a quarentena.

Entre as inúmeras categorias do edital emergencial, existe uma especial: a "Interpretação de Obras sergipanas", que objetiva rememorar e homenagear o vasto repertório musical de Sergipe no seu gênero mais autêntico e enraizador: o forró.

Os shows terão duração média entre 30 e 40 minutos. As gravações serão realizadas em estúdio e terão limitação de cinco integrantes para respeitar todas as normas sanitárias vigentes em virtude da pandemia.

Para o presidente da Funcaju, Luciano Correia, a categoria "Interpretação de Obras Sergipanas" tem a finalidade de evidenciar o que ele classifica de "caldeirão cultural sergipano", para que sejam feitas, pelas gerações atuais, novas releituras e interpretações.

"Nosso objetivo é botar fervura nesse caldeirão, fazer chacoalhar esse caldeirão cultural sergipano para que saia dele releituras, e essas novas gerações façam novas interpretações desse nosso rico acervo, para que ele não seja esquecido. Se a gente perguntar qual é a vertente, a linguagem, a tendência que caracteriza as nossas raízes musicais, com certeza vai aparecer o forró em primeiro lugar. Nós temos aqui pessoas que fazem música clássica, enfim, trabalham com muitas linguagens musicais, mas o forró está regado na memória do nosso povo", afirma, ao lembrar de grandes nomes como Clemilda e Josa, o 'Vaqueiro do Sertão'.

De acordo com o presidente, a mídia, e as próprias redes sociais, trabalham de maneira conectada com o mundo e isso, na opinião dele, é benéfico. "Porque nos deixa dentro do mundo, comunicando com os outros, tomando conhecimento de outras culturas, vivências e experiências, mas é perigoso isso porque se a gente não tiver um trabalho de sublinhar, de fortalecer a nossa identidade própria, a gente se dilui nessa maré da conexão, que nos joga no oceano e se a gente não tiver força para dizer: 'aqui somos Sergipe, aqui fazemos música dessa forma, fazemos literatura dessa outra, no teatro é assim, as nossas artes plásticas são dessa outra forma'. Então, esse rico repertório musical sergipano precisa ser rememorado, inclusive, sendo tratado com releituras", diz.

Atrações

Ao todo, o Forró Caju em Casa recebeu 182 inscrições, dos quais 45 artistas foram selecionados. Desses, 10 artistas ou bandas foram selecionados para a categoria "Interpretação de Obras Sergipanas", a exemplo de Balança Eu, Zé Tramela, Lucas Campo e Dênisson Cléber, Chiquinho do Além Mar, Joseane Dyjosa, Sérgio Lucas, Thaís Nogueira, Heitor Mendonça, Naurêa e Coletivo Ensaio Completo.

Para o cantor e compositor Heitor Mendonça, será uma grande satisfação homenagear sumidades da música sergipana. Ele conta que já havia participado de duas edições do Forró Caju, mas essa tem um sabor diferente.

"Sergipe é um estado muito rico na cultura do forró, tem grandes compositores, como Ismar Barreto, pessoas que ficaram conhecidas no circuito nacional e fora do país, como Clemilda, Zé Rosendo e Marluce, então ficamos muito felizes em lembrar a musicalidade sergipana. Para mim, o Forró Caju é uma das maiores festas juninas do país e tem que estar viva. E agora cumpre um papel fundamental que é manter o incentivo à cultura no momento em que a gente tá nessa dificuldade com o setor cultural por causa da covid-19. O setor cultural sem dúvidas é um dos mais afetados. Essa iniciativa é fundamental porque a cultura brasileira sempre foi um produto de exportação. Estou ansioso por causa do novo formato. Vou também apresentar composições minhas em estilo de forró", promete.

Na avaliação do vocalista Chiquinho, da Banda Além Mar e Forró de Mala e Cuia, a categoria 'Obras Sergipanas' representa o maior exemplo de sergipanidade. "Já venho há 20 anos escrevendo sobre Sergipe, sobre as personalidades, os locais, as cidades e, para mim, foi muito gratificante estar nesta categoria, porque já tínhamos uma proposta com esse perfil. Ficamos felizes e parabenizo a Prefeitura por abrir essa categoria, dos cantores que cantam a sua terra, do nosso bairrismo, da nossa sergipanidade. Vamos fazer um grande show, mesclando nossas canções com as canções da velha guarda, como Clemilda e Josa, Xote Baião. Espero que as pessoas gostem", afirma, ao frisar que "os artistas estão precisando muito desse tipo de iniciativa".

Opinião semelhante tem Victor Fernandes, um dos integrantes da banda Coletivo Ensaio Secreto. "Há um esforço dos fazedores de cultura de encontrar caminhos para manter a tradição e costumes. Através do palco virtual do Forró Caju, o Coletivo Ensaio Secreto dará continuidade à construção que vinha realizando na cidade de Aracaju. O projeto revive as nossas tradições maiores. O Forró Caju está presente na memória do artista sergipano e faz parte da nossa história. Esse ano, o projeto consegue manter viva essa tradição, dentro das possibilidades, sem esquecer da devida responsabilidade coletiva. Além disso, é um grande incentivo à cultura nesse momento emergencial".

 

Da AAN