Crítica: A Freira é novo filme da franquia Invocação do Mal

Publiciado em 10/09/2018 as 10:45


É um fenômeno curioso o que vem acontecendo com a franquia "Invocação do Mal", uma popular série de filmes de terror. Lançado em 2013, baseado em histórias do casal Ed e Lorraine Warren (interpretados por Patrick Wilson e Vera Farmiga), investigadores paranormais que nos anos 1960 e 70 se envolveram em casos bizarros, "Invocação do mal" foi um sucesso, gerando, nos anos seguintes, derivações com outros casos que a dupla enfrentou, como "Annabelle" (dois filmes) e uma sequência ("Invocação do Mal 2", lançado em 2016).

Está em cartaz o novo filme da franquia: "A Freira", inspirado em uma personagem que apareceu nos filmes mais recentes da série. Em "Invocação do Mal 2", Ed pintou, em uma espécie de surto, a imagem de uma freira demoníaca, sem saber de sua existência, na Romênia. É essa história que acompanhamos neste longa. A primeira cena sugere brutalidade: um aparente suicídio em um convento apenas para freiras. O Vaticano decide enviar o padre Burke (Demián Bichir) e a jovem Irene (Taissa Farmiga) para investigar o caso. 

O primeiro problema do filme está justamente nessa dupla. Não há sintonia entre os atores e o roteiro não os coloca em situações dramáticas envolventes. Um terceiro personagem, Frenchie (Jonas Bloquet), surge apenas como um deslocado alívio cômico, um galanteador que a todo instante flerta com Irene, mesmo estando em um cemitério, diante de um cadáver. Outro problema desses personagens é a insistência de, mesmo estando um lugar assombrado, sempre se dividir e ir em direção à escuridão, falta de inteligência que inicia todas as cenas de terror. 

A impressão de "A Freira" é de uma oportunidade perdida, uma história com um potencial que não se concretiza. A cena em que ela aparece em "Invocação do Mal 2" é assustadora e teve grande repercussão entre os fãs da franquia, indicando uma intrigante possibilidade de enredo. Mas o filme com a personagem parece, depois de uma potente e promissora primeira cena, ir gradualmente se tornando mais banal e clichê. 

O ambiente, uma igreja antiga na Romênia, é um cenário ideal, mas o diretor, Corin Hardy, parece não potencializar esse lugar, filmando as catacumbas e a floresta em volta sem inspiração. Assim como os outros filmes da franquia, "A freira" tem como proposta um clima de tensão sem violência, uso criativo de luz e sombra e, infelizmente, o recurso mais clichê dos filmes de terror: os jumpscares (sustos programados pela montagem e edição de som, com barulhos altos para fazer o espectador "saltar" da cadeira). São soluções fáceis que aparecem em todos os momentos de tensão, diminuindo o impacto da sessão.