Alagoas. O Paraíso das Águas

De um lado do leque, mar e praias espetaculares. De outro, o Rio São Francisco. Cortando o território, rios como São Miguel, Tatuamunha, Coruripe. Sem contar, claro, as lagoas que ajudaram a dar nome ao estado: Mundaú, da Anta, Jacarecica...

Publiciado em 21/12/2015 as 19:41

De um lado do leque, mar e praias espetaculares. De outro, o Rio São Francisco. Cortando o território, rios como São Miguel, Tatuamunha, Coruripe. Sem contar, claro, as lagoas que ajudaram a dar nome ao estado: Mundaú, da Anta, Jacarecica... É quase inacreditável que, com o título de Paraíso das Águas, Alagoas – especialmente sua população sertaneja – continue a sofrer com a seca. E pensar que lá se vão mais de setenta anos desde que o escritor Graciliano Ramos, alagoano, contava em Vidas Secas a saga de retirantes nordestinos lidando com a fome e a pobreza na caatinga... Mas o contraste é mesmo a marca desse território minúsculo e belo. Com uma economia que já dependeu totalmente da cultura da cana-de-açúcar, Alagoas descobriu, no fim da década de 70, que seus encantos naturais poderiam trazer riqueza. Baseados na capital, Maceió, turistas brasileiros e estrangeiros se esbaldam na orla de PajuçaraPonta Verde e Jatiúca e, aproveitando as curtas distâncias, partem para bate-voltas diários. Para o norte, Paripuera marca o início da Costa dos Corais, com arrecifes e piscinas naturais. Daí em diante é uma sequência emocionante de imagens de cartão-postal: Barra de Santo Antônio, a selvagem Carro Quebrado, Barra do Camaragibe, os peixes-bois que vivem entre as águas do Rio Tatuamunha e as piscinas naturais de São Miguel dos Milagres, a praia do momento. No sentido sul, Marechal Deodoro, a antiga capital do estado, às margens da Lagoa Manguaba, mostra sua arquitetura do século 18. Ali pertinho estão as famosas Praia do FrancêsBarra de São Miguel eGunga, sempre lotadas nos fins de semana e alta temporada, além de Coruripe, cujas praias de areia finíssima foram o lar dos temidos índios Caetés no início da colonização. Ao se embrenhar interior adentro, em território que já pertenceu à Capitania de Pernambuco, comandada por Duarte Coelho no século 16, o turista vai encontrar cidades como Penedo, a mais antiga, às margens do São Francisco. Com uma história marcada por séculos de disputa de terra e plantio de cana-de-acúcar, Alagoas assistiu ao surgimento de poderosos usineiros, que ainda hoje controlam setores políticos e econômicos da região. Os negros africanos escravizados para trabalhar nos engenhos deixaram como herança a comunidade quilombola, no alto da Serra da Barriga, no município de União dos Palmares. No refúgio em que resistiram por quase 100 anos, hoje está instalado o Parque Memorial Quilombo dos Palmares, que guarda a reconstituição de edificações da época. Já em Piranhas, no alto sertão, há marcas de outro momento histórico importante, dos anos 1920 e 1930, quando os alagoanos foram aterrorizados pelo cangaço liderado por Lampião. Renderão boas histórias um passeio pelo Rio São Francisco, uma visita ao Museu do Sertão e uma ida ao povoado de Entremontes, tombado pelo Patrimônio Histórico e com uma comunidade de bordadeiras que sustenta a economia do lugar com seu delicado trabalho manual.