'Universidade pública não deve cobrar do filho do pobre', defende Zezinho

Publiciado em 22/05/2019 as 05:57
foto: Jadilson Simões

O deputado estadual Zezinho Guimarães (MDB) ocupou a tribuna da Assembleia Legislativa, na manhã dessa terça-feira (21), para dar continuidade ao debate sobre a educação pública no Brasil, iniciado na Casa, semana passada, com o reitor da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Ângelo Roberto Antoniolli. Para o parlamentar, a universidade pública deve servir integralmente aos filhos dos pobres que não reúnem verdadeiramente condições para pagar. “O filho de rico que tem condições deve contribuir”.

Zezinho deu ênfase ao discurso do governador da Bahia, Rui Costa (PT), em relação à política de educação nas universidades estaduais e o avaliou como um dos melhores gestores do Brasil e que realiza uma gestão exemplar. “O prefeito de Salvador chegou a ensaiar uma candidatura ano passado, mas recuou e brigou com seus pares porque percebeu que enfrentar Rui Costa seria um páreo duro. Enfrentamos uma crise assustadora em todo o País, inclusive em Sergipe. Nos últimos 12 anos acumulamos dados lastimáveis da nossa economia, com fechamento de empresas”.

O deputado disse que não teve a oportunidade de ouvir do reitor da UFS a explicação sobre onde foram realizados os tão propagados cortes na Educação promovidos pelo governo federal. “86% do orçamento da UFS é para pagar salários; 14% vai para as despesas de custeio. Sou filho da escola pública, estudei todos os anos nela, a defendo, mas de seus alunos, 52% vêm da rede pública e das camadas mais pobres e 48% ou 49% são rede privada, de quem pode contribuir para o funcionamento do ensino universitário”.

Zezinho Guimarães disse que a família rica pode sustentar seus filhos a vida inteira pagando escolas caras enquanto que o filho do pobre sofre com o ensino da rede pública. “Depois chega o filho do rico, que estudou nos melhores colégios e teve uma maior preparação, para concorrer com o filho do pobre pelas vagas na universidade pública. Quem tem mais chances? Pagam R$ 2 ou R$ 3 mil de mensalidade para ter um aluno melhor preparado e o ensino na universidade tem que ser de graça?  Não condeno quem pensa diferente, mas acho que é preciso um pouco mais de lucidez”.

O deputado pontuou ainda que não se trata apenas de cobrar mensalidade, que é contra a privatização do ensino, mas “eu sou a favor de quem passa a vida pagando escola particular também contribua no ensino superior. Tive um cunhado gerente do restaurante da Universidade e dali saem de cinco a seis mil refeições a R$ 1! E quem paga o resto? O aluno que pode pagar tem que subsidiar o que não pode! Caso contrário não teremos recursos para tudo isso!”.

Por fim, Zezinho disse que ao elaborar um orçamento, as universidades estabelecem premissas que, quando da execução orçamentária, podem cair ou crescer. “Isso é normal! Nossa economia não sofre uma deflação, mas vivemos sob uma depressão econômica! Temos que encontrar uma solução financeira porque (economia) está paralisada! A Universidade pública já garante a graduação e ainda tem que dar a pós-graduação? O mestrado e o doutorado? Quem não pode pagar, não deve pagar! O filho do pobre tem que comer e estudar de graça, tem que ser abraçado pela sociedade. Mas o filho do rico não! Que justiça social estamos praticando?”, questionou.

“Todo mundo paga imposto! Quem não come? Quem não compra? Corajoso é o governador da Bahia, muito bom, excelente!”, disse o deputado, acrescentando que concorda com o governador baiano sobre a democratização dos Conselhos de Educação. “É preciso estar em sintonia com a sociedade e não ficar defendendo as pretensões de castas! É preciso sair dos muros das universidades! É preciso encontrar mecanismo para financiar a escola pública caso contrário vão faltar recursos”.

Da Rede Alese