Escola é sinônimo de transformação no 17 de Março

Publiciado em 20/02/2018 as 16:29

Uma creche pública brasileira com padrões de instituições privadas. A Escola Municipal de Ensino Infantil (Emei) Dr. José Calumby Filho é o fruto da parceria entre a Prefeitura Municipal de Aracaju e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para transformar a realidade socioeconômica precária do bairro 17 de Março, que surgiu na capital em 2011. Toda a construção do bairro novo, inclusive os equipamentos sociais, foi proporcionada através do Programa Integrado de Desenvolvimento Urbano e Inclusão Social do Desenvolvimento (Procidades) com o objetivo de alocar famílias que residiam em áreas de risco da cidade.

Desde abril, 220 crianças de até cinco anos estão sendo beneficiadas com uma estrutura ampla e de qualidade, podendo estudar em período de integral ou parcial. Para consolidar o compromisso de transformar a comunidade, foi aplicada a pedagogia Waldorf de forma pioneira no Nordeste. "Nos convidaram para sonhar com a implantação dessa didática aqui no 17 de Março e nós aceitamos. Essa pedagogia é desenvolvida para o ser humano que mais precisa. Aqui eu dou o meu melhor e sou feliz por acordar todos os dias para trabalhar na Calumby", conta a professora Márcia Soares que, há mais de 20 anos na profissão, buscava uma educação mais significativa e encontrou nesta sua primeira experiência com a educação infantil.

Não demorou muito para a comunidade entender que a Emei tinha um significado maior naquele bairro. Isso foi percebido ainda antes da inauguração, quando a população se disponibilizou a participar da pintura do muro externo da escola. "No início, nos deparamos com várias pichações e tivemos a ideia de fazer desenhos para que isso não acontecesse mais e deu certo. Vários voluntários de várias instituições se dispuseram a participar da pintura do muro e a presença deles aqui impulsionou a comunidade a participar dessa atividade também", afirma a diretora da escola, Antoniélia Ribeiro.

Para a ação, foi oferecida à comunidade um curso de grafitagem ministrado por profissionais da área, como Dalvan Nascimento, mais conhecido como Dexter, estudante de artes visuais, que é morador do bairro. "Fizemos oficinas até mesmo com as crianças, passamos a técnica do grafite e o resultado foi muito bom: é uma mensagem mais direcionada ao público infantil. Dá orgulho passar por aqui e ver que estamos nos comunicando com a comunidade através da arte", ressaltou Dexter.

Na execução da arte, os voluntários abraçaram a ideia de desenhar os seus sonhos e deixaram o muro cheio de cores e desenhos de forma harmoniosa, que transformaram os moradores em fiscais constantes daquela manifestação cultural. Até o momento, há mais de um ano da execução, nenhuma pichação ou depredação foi identificada.

A vontade de transformar e preservar os bens da localidade também contagiou o jovem Álvaro Luiz. Aos dez anos, ele entendeu a importância de valorizar o bairro onde mora e atendeu o convite da diretora da creche para participar da pintura. "Precisamos cuidar e preservar o nosso bairro para que ele fique bem bonito. Eu queria ser pequeno para estudar nessa escola e espero que as pessoas mantenham assim para que os meus filhos também possam estudar aqui e um dia possam se orgulhar que moram no melhor bairro do mundo", idealiza o pequeno Álvaro.

A realidade de muitos pais das crianças da Emei também já é bem diferente do que há um ano, por exemplo. Hoje, a diarista Daniela Santos Lima consegue trabalhar enquanto o filho de dois anos está na escola e consegue ter um condição financeira melhor. "Ele já desenvolveu muito nesses meses que está aqui na escola e isso me deixa muito feliz. Fui mãe muito nova e acho que ele estudando desde cedo não será assim. Acredito que ele vai continuar nos estudos com o incentivo da escola e percebo que ele vai ter um grande futuro pela frente"