Como anda o mercado imobiliário em Sergipe?

Publiciado em 23/07/2019 as 05:24

O ano de 2019 começou cheio de projeções, de muita animação, principalmente quando o assunto é o mercado financeiro. Os especialistas julgavam que tão esperado crescimento do mercado imobiliário finalmente parecia estar consolidado. Porém, já é início do segundo semestre e as promessas realmente se consolidaram? Bom, os números do primeiro trimestre são animadores quando se fala em Brasil. Houve sim, melhora. As pessoas estão com menos medo, estão mais dispostas a investir e mais positivas de um modo geral. Em Sergipe, está no mesmo ritmo? Ainda há muita reclamação, mas houve melhora? O Sergipe Notícias convidou o corretor de imóveis Fernando Oliveira, que hoje é um estudioso da área e vem ministrando diversas palestras sobre assuntos relacionados, para bater um papo. Confere!

Sergipe Notícias: Qual a diferença das crises de 2009 para a atual?

Fernando Oliveira: São totalmente diferentes. São momentos econômicos diferentes, a de 2008 surgiu nos EUA, mas a nossa economia estava pujante. O PIB brasileiro, na época, era de 5.1% e uma taxa de desemprego bem baixa. Apesar das taxas de juros de financiamento daquela época estarem mais altas que hoje. Atualmente, o problema é interno e começou com toda essa questão da Lava a Jato, nosso PIB previsto para 2019 é 0.5%. Taxa de desemprego altíssima e isso tira dinheiro de circulação. Em relação a crise passada, hoje estamos muito mais afetados. A economia mudou. Estamos com PIB em baixa, produzindo muito pouco de um modo geral. 

SN: O perfil do cliente mudou?

FO: Sim, mudou! Até pouco tempo, os casais tinham quatro filhos, então, era necessário, no mínimo de um imóvel de 3 quartos. Hoje são famílias menores, com um filho, no máximo dois. Há muitos solteiros e divorciados. E muitos idosos, também. Então, muda a tipologia do imóvel, mas também os serviços que ele oferece em seus condomínios também muda bastante.

SN: Com a alteração de perfil do cliente, o que mudou nos imóveis?

FO: Bom, houve redução na quantidade de pessoas na família, como eu expliquei anteriormente. Então, são imóveis, em geral, muito mais compactos, que trazem a ideia de compartilhamento. Há condomínios que já oferecem serviços específicos como o compartilhamento de bicicletas, de lavanderias etc. Outra mudança significativa foi pensar em empreendimentos voltados para terceira idade. Hoje, temos uma perspectiva de vida de 85 anos com saúde, então, em áreas de lazer de novos prédios já tem terapia ocupacional, atividades físicas voltadas para esse público e até cuidados de saúde. E daqui a pouco chegam a Aracaju.

SN: Como está em Aracaju?

FO: Aqui vejo uma recuperação discreta, os estoques das construtoras diminuindo. Passamos dois anos sem lançamentos, tivemos muito poucos, dentre eles, a maior parte imóveis populares. De um modo geral, já vemos uma movimentação de avaliação de novos projetos e até alguns lançamentos, mas ainda de modo bem discreto mesmo. Porém, já há uma movimentação e isso já diz muita coisa.

SN: Qual a perspectiva a partir de agora para Sergipe?

FO: Olhe, sinceramente, estou otimista para o nosso cenário. Após aprovação das reformas já devemos ter uma melhora a médio prazo. Hoje, temos uma condição até boa com a divulgação do poço da exploração de gás. Então, a previsão é que daqui a cinco anos já estejamos fornecendo gás. E como antes de fornecer, precisamos produzir, vai haver uma movimentação, implementação de indústrias. Isso é uma significativa injeção na economia, inclusive no interior, então haverá uma boa chance de recuperação, sim. Precisamos acreditar em dias melhores. Já existe um caminho pela frente.