Presidente da ASSEDIS avalia cenário após hibernação da Escurial

Carlos Hiroshi Hayasi foi procurado pela ACESE para avaliar o cenário atual, apontou a necessidade de melhorias técnicas na AGRESE e se mostra otimista para o futuro.

Publiciado em 18/05/2019 as 13:02

Cerca de 200 empregos diretos e indiretos perdidos, ônus tributário ao município de Nossa Senhora do Socorro e impacto social a ser calculado, causado por diversos fatores e agravado pelo custo do gás industrial em Sergipe. Assim, o presidente da da Associação das Empresas do Distrito Industrial de Socorro (ASSEDIS), Celso Hiroshi Hayasi, avalia os fatores que ocasionaram na abertura do processo de hibernação da Cerâmica Sergipe Ltda, também conhecida por Escurial, após 26 anos de histórias e investimentos na região de Nossa Senhora do Socorro, sem deixar de acreditar em boas perspectivas para o futuro.

 

A Associação Comercial e Empresarial de Sergipe (ACESE) procurou a ASSEDIS para avaliar o contexto e corrobora com as pautas e reivindicações apresentadas pelo seu presidente, que apontou, entre diversos fatores, o preço do gás foi determinante, mas não foi o único motivo. Em sua avaliação, o processo está relacionado também à estagnação da economia e da Construção Civil. “A Escurial é fabricante de pisos para a indústria de construção civil, então a gente tem um fator macro, que é a conjuntura econômica, e aos altos custos industriais, relacionado diretamente ao consumo do gás, que foi determinante para que houvesse uma deficiência financeira, o negócio perdeu competitividade. O gás foi a gota d’água nesse processo”, explicou o presidente.

 

Em termos comparativos, segundo dados apontados pela ASSEDIS, os gastos que a Escurial tem em Sergipe são 13,3% maiores que os custos na Bahia, por exemplo, Estado onde a Escurial compete com empresas e sofre com a perda de competitividade. Comparado a outro Estado do Nordeste como o Ceará, o valor do gás para empresas em Sergipe é 16% superior, levando em consideração o mesmo volume que a cerâmica consumiria para fabricar os pisos.

 

Esse fatores tornam-se um empecilho para o desenvolvimento de um parque industrial sólido em Sergipe, na visão de Hiroshi. “Com o gás mais caro, não é possível atrair novos investimentos  e a tendência é que empresas que usam o gás natural como insumo industrial tenham mais dificuldade de sobrevivência”, lamenta.

 

Em nota, divulgada na última sexta-feira, 17, a Cerâmica Sergipe Ltda. apontou o custo do gás determinante para sua hibernação. Para Hiroshi, uma perda para o Distrito. “A trajetória da Escurial é de sucesso desde sua implementação. Ela foi uma das empresas pioneiras aqui no Distrito. Foi a cerâmica que instalou a tubulação de gás no Distrito Industrial de Socorro, que hoje está sob o comando da Sergás. E essa história fica prejudicada, mesmo tendo investido e acreditado bastante em Sergipe”, explicou.

 

Impacto Econômico

Agora, o risco econômico para a região é grande, principalmente pela diminuição da competitividade. Hiroshi Hayasi explica que produtos fabricados em Sergipe eram distribuídos a construtoras, além dos setor varejista e atacadista de grandes home centers da Bahia ao Ceará. “É um produto regional que acaba gerando um desabastecimento e gerando menos oferta para o consumidor final, o que faz com que haja um aumento no preço para o consumidor final”, argumentou.

 

Outro fator a ser observado é o fato da Escurial suspender seu consumo de gás, o que preocupa o presidente da ASSEDIS. Segundo ele, o consumo de gás será mais uma conta repassada para todos. Além disso, o impacto na carga tributária também é alto. “É retirado do mercado um faturamento de cerca de R$ 5 milhões e o impacto é proporcional ao faturamento e quando levamos em conta que também há um impacto social, o impacto negativo é multiplicado no município”, afirmou.

 

Mesmo diante do panorama exposto no Estado de Sergipe em meio a uma crise econômica, Carlos Hiroshi Hayasi acredita em um futuro favorável, principalmente envolvendo a questão do petróleo e gás. “Em Sergipe, encontramos uma enorme jazida de gás e temos a termelétrica, que trará o gás GNL que podemos usar na matriz energética do Estado de forma bastante ímpar. Além disso, essa pauta está sendo tratada no Ministério da Economia como um dos elementos que podem induzir a melhoria da competitividade. Se você consegue destravar esse monopólio da Petrobras, você consegue alavancar diversos investimentos no setor”.

 

Otimismo para o futuro

Mesmo otimista, Hiroshi avalia que é preciso ser realista. “Nossa perspectiva é extremamente positiva nesse cenário, mas precisamos integrar as políticas públicas com as industriais para que se efetive o desenvolvimento. Precisamos de uma agência reguladora que estabeleça as regras de comercialização do gás, de tributação, de como podemos operar mais ativa tecnicamente. Nós temos uma deficiência técnica na Agrese e precisamos melhorar e qualificar a discussão. Percebo que a Sedetec está se esforçando para que haja esse ambiente de discussão e qualificação e precisamos disso para acreditar no Estado. Estou otimista, mas realista de que temos muito o que fazer para aproveitar as oportunidades”, concluiu.