Dólar passa de R$ 3,45 e fecha no maior valor em 16 meses

Publiciado em 24/04/2018 as 01:50

O dólar acompanhou o exterior e fechou em alta nesta segunda-feira (23), cotado a R$ 3,45, pressionado pelo aumento dos rendimentos de títulos de dívida dos Estados Unidos. A Bolsa brasileira teve leve alta em dia de forte noticiário corporativo. O dólar comercial subiu 1,17%, para R$ 3,453. O dólar à vista, que fecha mais cedo, se valorizou 0,99%, para R$ 3,442.

A Bolsa brasileira teve valorização de 0,06%, para 85.602 pontos. A alta da moeda americana ocorreu em linha com outras divisas globais. O dólar ganhou força ante 29 das 31 principais moedas do mundo. A valorização se deu em meio a um aumento dos rendimentos dos títulos de dívida americanos. Os papéis com vencimento em dez anos encostaram em 3% ao ano, maior patamar desde 2014.

A preocupação dos investidores é de que uma potencial pressão do recente aumento dos preços de commodities, como petróleo, sobre a inflação americana possa levar a um ritmo mais forte de altas de juros pelo banco central dos Estados Unidos. Os títulos de dívida dos EUA são considerados aplicações seguras pelos investidores.

O aumento dos rendimentos tende a atrair para esses papéis dinheiro hoje aplicado em Bolsa e em emergentes, como o Brasil. Esse fluxo provoca a valorização do dólar, pela saída dos recursos desses mercados em direção aos títulos de dívida americanos.

Os investidores esperam que o Federal Reserve (Fed, banco central americano) faça três aumentos de juros neste ano, mas há analistas que já veem quatro altas, o que contribui para a valorização do dólar. "Os investidores mostraram preocupação com os juros lá fora, o que provocou esse movimento de alta no dólar aqui", afirma Marco Tulli, gestor da mesa de operações da corretora Coinvalores.

O Banco Central vendeu o lote de 3.400 contratos de swaps cambiais tradicionais (equivalentes à venda de dólares no mercado futuro). O BC já rolou US$ 1,87 bilhão dos US$ 2,565 bilhões que vencem em maio.

O CDS (credit default swap, espécie de termômetro de risco-país) teve alta de 0,31%, para 169,9 pontos. No mercado de juros futuros, os contratos mais negociados tiveram sinais mistos. O DI para julho deste ano caiu de 6,252% para 6,245%, e o DI para janeiro de 2019 fechou estável em 6,215%.

Ações

A Bolsa fechou estável, em dia marcado pelo noticiário corporativo. Das 64 ações do índice Ibovespa, 33 caíram e 31 subiram. As ações da Kroton subiram 5,26%, após a empresa anunciar a compra da Somos Educação por R$ 4,6 bilhões. Os papéis da Somos dispararam 49,3%. A Lojas Americanas avançou 3,36%, e a Magazine Luiza se valorizou 3,05%.

Na ponta negativa, a Hypera liderou as baixas do ibovespa, ainda em meio a investigações sobre a delação premiada de um ex-executivo da empresa. Em comunicado ao mercado, a Hypera diz que "apura os fatos relacionados à colaboração premiada do Sr. Nelson José de Mello e continuará a colaborar com as autoridades e a adotar todas as providências cabíveis para a defesa de seus interesses e de seus acionistas".

A empresa negou ainda ter realizado alterações na composição da administração.
Os papéis da Natura caíram 2,63%, e a Usiminas recuou 2,31%. No primeiro IPO (oferta pública inicial de ações) do ano, as ações da NotreDame Intermédica subiram 22,73%.

Os papéis da Petrobras fecharam com sinais mistos, apesar da valorização dos preços do petróleo no exterior. As ações mais negociadas avançaram 0,54%, para R$ 22,48. Os papéis com direito a voto recuaram 0,33%, para R$ 24,35.
A mineradora Vale perdeu 0,27%.

No setor financeiro, os papéis de bancos tiveram desempenho misto. O Itaú Unibanco subiu 0,18%. As ações preferenciais do Bradesco caíram 0,03%, e as ordinárias avançaram 0,25%. O Banco do Brasil caiu 1,81%, e as units -conjunto de ações- do Santander Brasil subiram 0,90%.