Governo promove 2º Encontro Estadual do Programa Água Doce e aproxima gestores das comunidades beneficiadas

Publiciado em 11/05/2017 as 13:13

A Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh) realizou o 2º Encontro Estadual do Programa Água Doce (PAD). O evento, que aconteceu no auditório da Codise, em Aracaju, contou com a participação de representantes do Ministério do Meio Ambiente (MMA), de prefeituras, comunidades beneficiadas e tem o objetivo de apresentar a situação do PAD no âmbito nacional e estadual, além de sensibilizar os novos prefeitos, com gestão iniciada este ano, sobre a importância do PAD em suas cidades, repactuando o sistema de gestão compartilhada.

O Programa Água Doce é uma ação do Governo Federal coordenada pelo MMA, e visa a implantação de sistemas de dessalinização para atender, prioritariamente, as populações de baixa renda em comunidades difusas do semiárido. O Programa transforma água salobra de poço em água potável da mais alta qualidade para o consumo humano, através da implantação ou recuperação de sistemas sustentáveis de dessalinização, incentivando a autonomia das comunidades na gestão do seu mais precioso recurso natural.

Em Sergipe, a Semarh coordena as ações e já recebeu, através de convênio com o MMA, investimento global de R$ 7,9 milhões para implantar 33 sistemas de dessalinização, sendo que 25 já foram entregues, beneficiando cerca de 13 mil pessoas que estão em áreas afetadas por escassez hídrica.

Para o secretário Olivier Chagas, o PAD é encantador, porque contribui para estruturar a vida do homem do campo, permitindo acesso à água de qualidade. “O governo está trabalhando para ajudar os sertanejos. O governador Jackson Barreto esteve esta manhã no Sertão para levar investimentos e atenuar os efeitos da seca. Então, o governo está trabalhado e o Água Doce nos permite levar água de qualidade para comunidades que não têm o atendimento da Deso, e isso é apaixonante, encantador. Vemos esse Programa de forma positiva, porque, no semiárido, muitos dos poços artesianos são salinizados, impróprios para consumo humano. Com o programa, a água passa por um processamento e fica com níveis adequados para beber”.

Olivier destacou ainda a importância da comunidade para a manutenção do aparelho. “Se não haver parceria da sociedade com o setor público, o programa não funciona. Os aparelhos são entregues às comunidades para que elas possam se apoderar e fazer a devida gestão. O que o Estado faz para complementar, além de entregar a máquina, é uma garantia dos serviços durante dois anos. Depois disso, a comunidade deve assumir a responsabilidade, tomar conta do aparelho”, concluiu ele, ao lembrar que há quatro premissas para um município ser contemplado com o PAD: ter Índice de Desenvolvimento Humano baixo, não ter acesso à água potável, apresentar índices alarmantes de mortalidade infantil e estar na região do semiárido.

O coordenador nacional do Programa, Renato Saraiva, apresentou os aspectos gerais do PAD e ressaltou o empenho do Estado em executar bem o programa. "Fico muito satisfeito em ver o Estado conduzindo muito bem as ações dessa política pública de acesso à água. O foco do programa é o aproveitamento das águas subterrâneas, as quais apresentam 70% dos poços de água salobra. Então, a alternativa da dessalinização, por meio da osmose inversa, é priorizar as comunidades. É uma tecnologia que vem para ficar e o programa tem parceria hoje com 10 estados do semiárido, permitindo o acesso à água de qualidade a várias comunidades”, explicou Saraiva.

Ainda segundo Saraiva, no Brasil, de modo geral, a meta é atingir 1.357 comunidades, beneficiando meio milhão de pessoas. Para ele, o encontro visa dar uma aproximação maior dos novos gestores municipais com a comunidade. “O programa propõe uma gestão compartilhada. Então, envolve compromisso dos governos do Estado, Federal, Município e comunidades. Os encontros visam promover essa articulação, explicar o contexto do programa, porque é uma relação institucional. Temos várias comunidades há mais de 10 anos funcionando com esse modelo de gestão. A gente entende que esse é um bom caminho, onde todos contribuindo, nós podemos garantir água à população”.

Para o coordenador estadual do PAD, Marcos César, o programa, além de levar água de qualidade a quem mais precisa, proporciona desenvolvimento para o homem do campo. “No período de seca, o programa vem reforçar ainda mais as ações de políticas púbicas do governo do Estado. É mais um incremento para amenizar a seca. Além de água para consumo humano, o programa também beneficia os animais. O que nos gratifica não é levar somente água aos sertanejos, é proporcionar desenvolvimento”.

O superintendente de Recursos Hídricos da Semarh, Aílton Rocha, também participou do evento e enalteceu o PAD. "É um programa que dá orgulho de ser ver, não apenas pelo esforço do seu corpo técnico, mas por levar água potável à região que mais sofre co a seca nos últimos seis anos. É uma satisfação estar aqui hoje".

Aprovação

José Fernandes da Silva, representante da secretaria de Agricultura e Meio Ambiente do município de Poço Redondo, participou do Encontro e elogiou o PAD. “Lá, o sistema funciona na comunidade quilombola Serra da Guia e é um sistema muito bom, que ajuda bastante as famílias. Temos passado por um momento de seca muito grande nessa região e tem sido a salvação esse dessalinizador. Há uma aprovação unânime da comunidade, são cera de 180 famílias beneficiadas por lá”.

Ana Maria de Oliveira é moradora do povoado Cacimba Nova, em Poço Verde. Ela conta que o sistema de dessalinização funciona e recomenda. “Na minha comunidade há 32 famílias e antes do aparelho que filtra água salobra chegar, pedíamos auxílio de carros pipa para abastecer nossas lavanderias. Agora, nós temos água potável perto de casa, é só andar alguns metros e encher os vasos. Nós estamos felizes”.

Como funciona

Muitos poços, quando perfurados, apresentam água salobra, com quase a metade da salinidade da água do mar, que é comum na região do semiárido, onde o solo é formado, na sua maioria, por rochas calcárias que têm grandes quantidades de sal.

O processo de tratamento por meio do dessalinizador, aparelho que possui o que há de mais moderno em tecnologia no mundo, conhecido como osmose reversa, funciona da seguinte maneira: a água salobra é bombeada para o dessalinizador. A partir daí, passa por um sistema pré-filtragem e segue para uma bomba de alta pressão. A água ganha força para passar pelas membranas, uma espécie de filtros com micro poros, que retém todas as impurezas e só permite a passagem de água pura.

Então, de um lado, a água dessalinizada é armazenada em um reservatório e a outra concentração de água com sal é armazenada num tanque de rejeito, sendo escoada para dois açudes, devidamente impermeabilizados com lona, e descartada por evaporação, sem contaminar o solo. A osmose inversa é responsável por retirar não somente os sais da água, mas também micro-organismos, bactérias e fungos, deixando a água potável para o uso humano.

“Água Doce”

No Brasil, o Programa Água Doce, do Ministério do Meio Ambiente (MMA), investe em sistemas de dessalinização para oferecer água com qualidade a populações de baixa renda em comunidades do semiárido.

O PAD atende todo o Nordeste e o Norte de Minas Gerais, onde a disponibilidade hídrica é baixa e a salinidade das águas subterrâneas é elevada. A técnica utilizada é responsável, por exemplo, pelo abastecimento de água no Arquipélago de Fernando de Noronha há uma década.