Artigo: Capitalismo Inteligente

Publiciado em 07/06/2019 as 07:47

JULIANO CESAR FARIA SOUTO*

Ao longo de nossa vida construímos relacionamentos e algumas deles se tornam amizades, face a intersecção de princípios e visão de futuro . Dentre algumas, que tenho a honra de construir, destaco meu amigo JORGE SANTANA com quem tenho o privilégio de compartilhar ideais . Faço esse preâmbulo para externar meu agradecimento pelo texto " Velhos economistas, novos truques " enviado pelo amigo citado .

Este texto , apesar de ser dirigido ao público norte americano , pareceu-me bastante pertinente ao momento que vivemos no Brasil onde , após 30 anos de uma visão macro econômica onde fundamentos inspirados em John Kenneth Galbraith foram aplicados ( vide o livro "conceito de poder compensatório" ) e agora tenta -se , ao meu ver , partir para um tipo de estratégia "atabalhoada", destruir o existente para reconstruir . É evidente que, especialmente no caso brasileiro , há de se buscar com urgência o equilíbrio fiscal , reduzir e o tamanho do estado de forma seletiva com foco nas áreas não prioritárias , garantir a eficácia e sustentabilidade das políticas públicas mas, o novo governo pode fazer isso sem esquecer que precisamos criar um crescimento verdadeiro e duradouro , infraestrutura, sistema educacional inclusivo , equânime e voltado para o século XXI e uma assistência médica satisfatória. Essas são coisas que o mercado privado tem pouco estímulo para resolver.

Galbraith certa vez colocou bem isso: "Reajo de forma pragmática. Onde o mercado funciona, sou favorável a isso. Onde o governo é necessário, sou favorável a isso. Tenho profunda desconfiança de alguém que diz 'Sou a favor da privatização', ou 'Sou profundamente a favor da propriedade pública'. Sou a favor do que quer que funcione no caso em questão".

Vejamos o caso da CHINA: nas décadas 50/60 estava na maioria dos indicadores econômicos e sociais muito atrás do BRASIL . O que vemos hoje ? de que maneira poderíamos explicar a ascensão de China? Este país não apenas mostrou que o planejamento governamental e a competitividade econômica não apenas podem andar juntos como também que, na atual era de desestabilização e desigualdade gerados pela tecnologia, o apoio do setor público pode ser necessário para garantir a prosperidade do setor privado.

Está na hora de conservadores em matéria de política, neoliberais em matéria de economia , lideranças "de esquerda" , populistas , corporações públicas e privadas , empresários , jovens e estudantes entenderem que um ​projeto de nação​ torna-se fundamental para que possamos juntos almejar um futuro melhor para nossos netos .

Enfim , segundo o autor , deixemos de pressupor que os mercados sempre estão certos. Modernizemos nossas redes de proteção social, fiscalizemos a prática da concorrência e reinventemos nosso pacto social. Isso não é socialismo​. ​É um capitalismo mais inteligente.



O resumo acima corresponde a minha livre interpretação do texto "Velhos economistas, novos truques​” ​ escrito por Rana Foroohar que é editora associada do Financial Times em Nova York (Tradução de Rachel Warszawski) e publicado no VALOR ECONÔMICO 04/06/2019 , podendo ser refletir as ideias do autor.


* Estanciano, 54 anos , Administrador de empresas graduado de Faculdade de Administração de Brasília com MBA em gestão empresarial pela FGV. Atua como sócio Administrador da empresa FASOUTO no setor atacadista distribuidor e auto serviço . Líder empresarial exercendo, atualmente , o cargo de vice - presidente da ABAD - Associação Brasileira de Atacado e distribuidore