Conseguir captar a essência do universo que permeou a obra de um dos poetas mais icônicos do estado foi o que norteou as cerca de 50 poesias inscritas no 1º Prêmio Mário Jorge de Poesia. Dessas obras, dez delas serão premiadas com o Troféu Pássaro Azul no evento em homenagem ao poeta, que acontecerá nesta quinta-feira, 23, às 17h, no Teatro João Costa, no Centro Cultural de Aracaju.

Idealizado e promovido pela Prefeitura de Aracaju, através da Fundação Cultural Cidade de Aracaju (Funcaju), o prêmio é destinado aos poetas residentes em Aracaju e cadastrados no Mapa Cultural de Aracaju, e cada participante pôde inscrever até dois poemas tendo como foco a poesia de Mário Jorge e que não tenham sido premiados em nenhum outro concurso.

As inscrições foram abertas no dia 13 de outubro e encerradas no último dia 11 e, de acordo com o diretor de Arte e Cultura da Funcaju, Nino Karvan, pessoas de várias idades inscreveram suas obras. “Durante esse tempo, uma comissão avaliou cada obra e, logicamente, com um olhar criterioso, porém, o que baseou cada avaliação foi a capacidade de cada autor de entender a poesia feita por Mário Jorge, a percepção do universo da obra dele que é tão forte e instigante”, destacou Nino.

A primeira edição do prêmio acontecerá durante o projeto Quinta Instrumental, também desenvolvido pela Funcaju e, não coincidentemente, na data de nascimento do poeta. “Nos próximos anos, o troféu do prêmio continuará sendo entregue no dia 23 de novembro. Isso foi instituído em lei também com uma forma de homenagear esse poeta que, mesmo tendo partido tão cedo, deixou um legado de extrema significância e potência que, inclusive, já serviu de estudo na Universidade de Campinas (Unicamp), no Estado de São Paulo. Esse prêmio homenageia mais do que um nome, mas, uma fonte de inspiração”, frisou o diretor.

Todas as cerca de 50 obras inscritas passarão a fazer parte do acervo da Biblioteca Pública Municipal Mário Cabral.

Um poeta à frente de seu tempo

Mário Jorge de Menezes Vieira nasceu em Aracaju no dia 23 de novembro de 1946 e faleceu, aos 27 anos, em janeiro de 1973 em um acidente automobilístico. Foi militante do movimento estudantil na década de 60, durante o período da Ditadura Militar no Brasil. Em 1968, publicou o seu primeiro e único livro, com o título de Revolução.

Além desse livro, o poeta também publicou poemas e artigos em jornais e revistas de Sergipe, foi editor de jornal, produtor de filmes, colaborou em peças de teatro e participou de festivais de música. Em sua produção literária, nota-se a influência das poesias de vanguarda onde se destaca a poesia concretista, práxis, social e marginal, além de influências da tropicália.

O contexto dos poemas de Mário Jorge retrata temas semelhantes ao futurismo com um caráter de denúncia social como os problemas durante o Regime Militar no Brasil e a influência de protestos hippies como os do período da Guerra do Vietnã.