Semarh assume compromisso em solucionar problemas ambientais da Tribo Xokó

Publiciado em 25/07/2017 as 21:26

Na manhã desta terça-feira, 25, o secretário de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh), Olivier Chagas, participou de uma visita à Aldeia Xokó, em Ilha de São Pedro, município de Porto da Folha. O objetivo é avaliar os possíveis problemas ambientais que a comunidade vem enfrentando e direcionar soluções para os mesmos.

A Semarh fez-se presente convidada pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), através do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), responsável pelo licenciamento e fiscalização em terras indígenas. Além dessas instituições, também estiveram representadas a Fundação Nacional do Índio (Funai) e o Conselho Nacional de Políticas Indígenas (CNPI).

Todos foram recebidos pelo chefe Lucimário Apolônio Lima, mais conhecido como Cacique Bá, e por outros líderes da tribo. Em reunião, eles discutiram com franqueza as problemáticas que a comunidade enfrenta.

O secretário Olivier Chagas falou de sua felicidade em poder contribuir com ações que levem um maior bem-estar para a tribo. “Historicamente o povo indígena sofreu tanto que hoje o mínimo que podemos fazer é contribuir para que eles tenham tranquilidade em suas habitações. A Semarh está muito satisfeita em participar desse momento tão importante”, afirmou.

Cristina Bezerra, responsável pelo Núcleo de Educação Ambiental do Ibama/SE, explica como tudo começou. “Ano passado foi feita uma denúncia ao Ministério Público Federal de que aqui estaria acontecendo caça predatória, pesca predatória, desmatamento e incêndios florestais. Nós unimos a vontade de vir realizar o trabalho de educação ambiental com essa denúncia e fizemos um projeto esse ano que foi aprovado. Em abril, fizemos a primeira visita e mapeamos o que realmente iríamos precisar, com os problemas que eles levantaram, organizamos uma equipe para essa visita técnica que acontece hoje”, esclareceu.

Desde o início do projeto, a Semarh tem se colocado como parceira do Ibama. “A Semarh terá uma importância muito grande no trabalho com essa comunidade. O Ibama e a Semarh vão trabalhar em parceria, desde o primeiro momento que estivemos aqui que a Semarh está conosco”, assegura Cristina Bezerra.

“O planeta precisa de um meio ambiente sadio e coberto por suas árvores. É nisso que a gente espera que o Ibama e Semarh possam contribuir com o nosso povo”, comentou o Cacique Bá.

Lindomar Xokó, membro do Conselho Nacional de Políticas Indígenas (CNPI), acha interessante a participação de todos na discussão ambiental. “Eu considero esse encontro de extrema importância porque é daqui que tudo deve começar e não de cima. O processo de combate ao desmatamento começa pela conscientização, isso é o que deve ser feito”.



Problemas

Três problemas de maiores efeitos foram identificados na comunidade. Primeiro, a caça predatória que é praticada por invasores e destrói boa parte da fauna local. Outra problemática é o desmatamento, também praticado por terceiros. E o descarte indevido dos resíduos sólidos, já que a aldeia não possui um sistema de coleta de lixo.

A participação da Semarh estará ligada principalmente ao descarte dos resíduos sólidos, como explica o superintendente de Biodiversidade e Florestas da Semarh, Elísio Marinho dos Santos Neto. “Nós iremos dar um suporte ao Ibama na problemática dos resíduos sólidos, em parceria com a prefeitura, ver como resolver a questão do lixão a céu aberto que eles têm aqui. Outra questão é a produção de mudas que pode ser mais uma fonte de renda para os indígenas. Aqui existem muitas espécies, muitas matrizes, das quais eles podem produzir mudas e vender para todo o estado”, disse.

A educação ambiental também será uma bandeira do trabalho da Semarh e do Ibama. “O lixão é problema porque a gente não sabe o que fazer. Toda semana entra as coisas da cidade aqui e a gente não tem o que fazer, tem que colocar em algum lugar. Nós tiramos de dentro de casa para colocar no terreiro, praticamente”, lamentou o cacique Bá.

Josinaldo Ribeiro da Silva, coordenador técnico da Funai na Comunidade Indígena Xokó, acredita que a construção de uma cerca diminuiria a entrada de invasores e, consequentemente, a caça predatória e o desmatamento. “Uma de nossas questões aqui é a ausência de nossa cerca, a que existia na época da demarcação não está nem mais lá. Isso facilita a entrada de pessoas de fora, de caçadores, que vem e entram na terra”.

O membro da tribo, Heleno Lima, sente medo de que uma fatalidade possa acontecer. “Durante a noite, nós já fizemos o que chamamos de ‘corra’, que é correr a terra durante a noite para evitar a entrada de invasores. Geralmente quem faz isso são os jovens, mas eu sempre venho orientando com medo de um confronto. Afinal, quem entra em nossas terras para caçar ou tirar madeira, geralmente está armado e nós temos medo do que pode acontecer”, lastimou.



Tribo

A tribo Xokó é a única comunidade indígena de Sergipe. Desde 1979, os indígenas voltaram a ocupar a Ilha de São Pedro, território do qual haviam sido expulsos pelos Jesuítas séculos atrás. Apenas nos anos de 1990, a Funai homologou a Caiçara, território que eles também reivindicavam, como parte das terras indígenas de etnia Xokó.

A aldeia abriga quase 500 índios em um território de aproximadamente 4.500 hectares. Desde 2003, o Cacique Bá é o responsável pelos assuntos materiais, administrativos e sociais da comunidade. Além disso, o cacique ainda está acumulando a função de pajé, já que o anterior faleceu e um novo ainda não foi escolhido.