Pesquisas desenvolvem produtos cosméticos a partir do jenipapo

Estudos realizados em programa de pós-graduação da Unit avaliam a possibilidade de criar tintas capilares a partir de substâncias extraídas do fruto e da árvore que o produz

Publiciado em 28/06/2024 as 13:00
Divulgação/ Unit

O jenipapo pode produzir muito mais do que sucos, licores ou doces. É o que pode ser constatado a partir de algumas pesquisas realizadas na Universidade Tiradentes (Unit), dentro de seu Programa de Pós-Graduação em Saúde e Ambiente (PSA). Estes estudos são realizados pelo pesquisador Adilson Allef Moraes Santana, que hoje faz o doutorado no PSA, mas começou a se debruçar no tema ainda na iniciação científica, quando ainda fazia o curso de graduação em Estética e Cosmética, entre 2016 e 2018, na própria Unit.


Atualmente, ele desenvolve uma tese para analisar a viabilidade econômica, ambiental e tecnológica de uma cadeia produtiva na área cosmética que usa a genipa, árvore também conhecida como jenipapeiro e presente em quase todos os estados brasileiros, como matéria-prima de coloração capilar. Ela está vinculada às linhas de pesquisa "Ambiente, Desenvolvimento e Saúde" e "Biodiversidade e Saúde", com atuação em análises físico-químicas, análises de toxicidade biológica e empreendedorismo. A previsão é de que a tese seja concluída e defendida em maio de 2025.


De acordo com ele, a pesquisa faz parte de um projeto maior, que começou em 2013 e já teve outros trabalhos relacionados, sendo uma primeira tese de doutorado, uma dissertação de mestrado e outros três trabalhos desenvolvidos pelo próprio Adilson. Primeiro, foi um projeto de iniciação científica que se desdobrou em um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), sobre a efetividade do extrato hidrometanólico do jenipapo como coloração para cabelos brancos e como doador de brilho para cabelos naturalmente pigmentados. Depois, veio a outra dissertação de mestrado, sobre o desenvolvimento de uma tintura capilar com a genipina e o geniposídeo, marcadores químicos extraídos do jenipapo.


O objetivo é desenvolver produtos estéticos e cosméticos que sejam livres de metais pesados, oxidantes e outros compostos químicos, além de não ter animais em testes (cruelty free). “A cosmética humanizada visa criar fórmulas que respeitem a saúde humana, utilizando ingredientes naturais e seguros. Além disso, há uma crescente preocupação com a sustentabilidade e a proteção ambiental, que também influenciou a escolha de focar em formulações livres de substâncias prejudiciais. Essa abordagem reflete a responsabilidade social e ética na pesquisa científica, buscando soluções que contribuam para um futuro mais saudável e sustentável. A ênfase na segurança e na humanização dos cosméticos não só beneficia os consumidores, mas também promove práticas mais responsáveis dentro da indústria cosmética”, destaca Adilson.


Ainda de acordo com o pesquisador da Unit, estes novos produtos reduzem os riscos à saúde associados a esses compostos químicos, que podem causar alergias, irritações e, em alguns casos, efeitos mais graves, como problemas hormonais e câncer. Além disso, promovem um impacto ambiental positivo, pois evitam a liberação de substâncias tóxicas no meio ambiente durante a produção e o uso dos produtos. “Essa inovação atende à crescente demanda dos consumidores por produtos cosméticos mais seguros e sustentáveis, refletindo uma tendência global de preferência por ingredientes naturais e menos agressivos. Assim, os resultados deste estudo contribuem para a melhoria da saúde pública e para a conservação ambiental, ao mesmo tempo em que oferecem soluções eficazes e inovadoras para a indústria cosmética e assim favorecendo o embelezamento seguro”, acrescenta Allef.


As pesquisas também ganharam desdobramentos na área empreendedora. Em 2023, o trabalho do doutorando foi aprovado no Programa Centelha, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) em parceria com as fundações estaduais de amparo à pesquisa (incluindo a Fapitec/SE), que incentiva a criação de negócios e empresas com base em pesquisas e inovações. Através dele, Adilson criou a sua própria empresa, a New Eyebrow, e desenvolveu seu primeiro produto para o mercado: um pigmento natural para sobrancelhas.


“Esse apoio foi crucial para transformar minhas pesquisas acadêmicas em uma iniciativa empresarial viável, focada em cosméticos inovadores e sustentáveis”, afirma o pesquisador, que destacou ainda o apoio e os conhecimentos que encontrou na Unit como fundamentais para esse processo, através de workshops e mentorias que o prepararam para considerar a viabilidade comercial das inovações. “A combinação de suporte acadêmico e incentivo ao desenvolvimento de produtos práticos e sustentáveis tem sido crucial para o meu crescimento profissional e para a realização de pesquisas que podem ter um impacto positivo tanto na indústria cosmética quanto na sociedade”, completa.


Autor: Gabriel Damásio

Fonte: Asscom Unit