Olivier Chagas defende união entre sociedade e Estado para solucionar escassez hídrica

Publiciado em 19/05/2017 as 17:27

Na manhã desta sexta-feira, 19, o secretário de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh), Olivier Chagas, participou de uma audiência pública para discutir a escassez hídrica e a seca em Sergipe. O evento aconteceu no plenário da Assembleia Legislativa de Sergipe (Alese), a convite da Frente Parlamentar Mista de Meio Ambiente, Segurança Alimentar, Comunidades Tradicionais e dos Povos de Terreiro, coordenada pela deputada estadual Ana Lúcia.

O evento contou com a participação do professor da Universidade Federal de Alagoas e presidente da Associação Brasileira de Recursos Hídricos (ABRH), Vladimir Caramori Borges de Souza, que proferiu palestra alusiva ao tema, além da presença do superintendente de Recursos Hídricos do Estado de Sergipe, Ailton Rocha, do superintendente de Sistemas Regionais de Água da Deso, Carlos Anderson, e do professor Inajá Francisco Souza, do departamento de Recursos Hídricos da UFS.

Compondo a mesa de discussões, o secretário Olivier Chagas disse que o problema da escassez hídrica é grave e precisa ser levado a sério por todos os setores da sociedade, enquanto é tempo. Para ele, consciência e educação ambiental podem resolver o problema a longo prazo. “Todos nós precisamos acordar para a questão da crise hídrica e parece que a sociedade efetivamente não acordou para isso. Na minha visão, o maior problema é falta de educação e consciência para com o problema. O problema é grave e nós precisamos entender que o compromisso é de todos, do Estado e da sociedade. Se não houver esse casamento, não haverá política eficiente”.

Conforme destacou Olivier, não precisa sabedoria de doutor para entender que os desmatamentos e as degradações de mananciais são condutas erradas e que o reflorestamento e o cuidado com o meio ambiente podem ser a salvação do problema. “A gente não pode continuar degradando as nossas matas e rios, a gente não pode continuar pensando em não reflorestar. Estamos gastando água muito mais que há décadas atrás. Sergipe corre sério risco de ter áreas desertificadas e isso não pode acontecer. O Governo do Estado está empenhado, por meio da Semarh, para, em parceria com a sociedade, buscar alternativas”.

Para a deputada Ana Lúcia, o objetivo da audiência é esclarecer a questão da escassez hídrica e tudo aquilo que faz parte da intervenção humana. “Nós precisamos ter um processo de reeducação no uso da água. Se existe escassez, nós precisamos ver alternativas para conviver com a escassez até que se resolva o problema. Parte do Brasil vivencia isso. É preciso conhecer os problemas que causam a escassez e aprendermos como conviver e ajudar a população no processo educativo”.

Palestra
Durante a palestra do professor Vladimir, diversos eixos foram colocados em discussão: a exemplo da natureza do problema; os conflitos pelo uso da água e sua gestão; os desafios para a gestão da água em situações de escassez; e as alternativas para garantir a segurança hídrica no futuro.

“Mostramos um pouco do panorama de Nordeste. A escassez hídrica é um processo natural, sabemos que já tivemos ouras secas mais importantes do que essa. Claro que, em contextos diferentes. E isso significa que nós temos que nos preparar para que, em situações de crise e baixa oferta de água, a nossa capacidade de resposta e preparação de responder e garantir segurança hídrica seja adequada em contexto”.

Para garantir uma segurança hídrica prolongada, explica Vladimir, é preciso, primeiro, planejamento. “Nós temos no nosso sistema de gestão de recursos hídricos, um dos instrumentos mais importantes que se chama plano de recursos hídricos, tanto no nível da bacia hidrográfica, quanto no nível do plano estadual e federal de recursos hídricos. O principal instrumento é o de planejamento. Dentro do plano, ele é elaborado dentro do comitê de bacia, o qual tem representação do poder público, dos usuários e da sociedade. É o espaço que nós temos de dizer quais são as prioridades dessas bacias hidrográficas”.

O segundo aspecto, frisa o palestrante, é o fortalecimento do processo de gestão. “Qual a capacidade de gerenciar os recursos que são escassos? Isso é igualzinho à economia doméstica: com pouco com dinheiro, se define prioridades. Quem tem mais capacidade de definir suas prioridades, tem um processo de gestão melhor, e nos recursos hídricos é a mesma coisa. Nós temos de ter órgãos gestores com capacidade técnica institucional, com pessoas que tenham capacitação permanente, que estejam preparadas para atuação em momentos de crise e com equipamentos adequados para dar resposta. Então, são dois elementos: um é de infraestrutura e o segundo é a estruturação do sistema de gestão”, explicou de forma pormenorizada.

Participação
O evento foi prestigiado ainda por diversos secretários municipais de meio ambiente; estudiosos do tema; professores e alunos. O deputado estadual Georgeo Passos também participou da audiência pública, bem como o coordenador do Centro de Meteorologia de Sergipe, Overland Amaral.